domingo, 3 de agosto de 2025

PROFETA E VIDENTE


 

Viajando 160 anos para o passado dos tempos de Eliseu, entre 1056 e 1004 A.C. (período de 52 anos) encontramos os dias em que viveu o profeta Samuel. A Bíblia fala desse tempo usando os seguintes termos: “Antigamente em Israel, indo alguém consultar a Deus, dizia assim: Vinde, e vamos ao vidente; porque ao profeta de hoje, antigamente se chamava vidente” (1 Sm 9:9).

Analisando o texto percebemos que o termo ‘Profeta’ é uma evolução do termo Vidente. Ou seja: ser um Vidente é a condição anterior ao posto de Profeta. No original hebraico, identificamos existência de duas palavras usadas para definir a missão desses homens destemidos.

A primeira palavra é ‘Roeh’ que no Antigo Testamento ocorre por 6 vezes. ‘Roeh’ significa ‘vidente, ou visão, ou aquele que vê’.

A segunda palavra é ‘Nabi’ que no Antigo Testamento ocorre por 316 vezes. ‘Nabi’ significa ‘porta-voz, ou alto falante, ou profeta’.

Nos dias de Samuel quando alguém ia consultar a Deus, ia com a seguinte intenção: ‘- Vamos ao ‘Roeh’ (ao vidente). Vamos naquele que pode enxergar nosso destino e nos dizer se nos daremos bem ou mal em nossas vidas. Vamos ao Vidente e busquemos aprovação para nossas pretensões egoístas’.

Com o tempo esse termo evoluiu, e a palavra Roeh parou de ser utilizada. O povo entendeu que um profeta não era apenas aquela pessoa capaz de ver além do Véu da Realidade, e que suas funções excediam muito a mera previsão de futuro. Um profeta era o porta-voz de Deus. Era aquele que comunicava a voz de Deus ao povo e que tinha a função de exortar, consolar e (também) predizer o futuro.

Eliseu provou que estava pronto para ver Além do Véu da Realidade e que possuia a condição preliminar para ser reconhecido como Profeta. Todavia sua jornada estava apenas começando! Eliseu tinha um grande caminho a percorrer, afinal, enxergar Além do Véu da Realidade é apenas o primeiro degrau. O próximo degrau é descobrir o que fazer com esse conhecimento.

A primeira missão de Elizeu era fazer a si mesmo a seguinte pergunta: - E agora? O que eu vou fazer com o conhecimento profético?

Se a obtenção de conhecimento não melhorar a relação do homem com Deus, com ele mesmo, com o próximo e com a natureza, para que serve enxergar além da superfície do Lago das Águas Primordiais?

“Os olhos são a candeia do corpo. Quando os seus olhos forem bons, igualmente todo o seu corpo estará cheio de luz. Mas, quando forem maus, igualmente o seu corpo estará cheio de trevas” (Lc 11:34).

 

Cesar de Aguiar


teolovida@gmail.com


retirado do livro CRIAÇÃO DESVENDADA

quinta-feira, 31 de julho de 2025

OS OLHOS DO PROFETA PODEM VER


 


“Sucedeu que, havendo eles passado, Elias disse a Eliseu: Pede-me o que queres que te faça, antes que seja tomado de ti. E disse Eliseu: Peço-te que haja porção dobrada de teu espírito sobre mim. E disse: Coisa difícil pediste; se me vires quando for tomado de ti, assim se te fará, porém, se não, não se fará. E sucedeu que, indo eles andando e falando, eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho. O que vendo Eliseu, clamou: Meu pai, meu pai, carros de Israel, e seus cavaleiros! E nunca mais o viu; e, pegando as suas vestes, rasgou-as em duas partes” (2 Rs 2:9-12).

Eliseu, aprendiz de profeta, tinha em Elias um Mestre da mais elevada experiência e capacidade. No dia em que Elias foi arrebatado no espaço e no tempo, Eliseu teve seus olhos abertos e pode contemplar o que ninguém mais viu.

Em função dos anos de estudo e diante da iminência de perder a companhia do professor, o aprendiz queria seu prêmio de formatura: “Peço-te que haja porção dobrada de teu espírito sobre mim”, e o Mestre impôs uma condição: “se me vires quando for tomado de ti, assim se te fará, porém, se não, não se fará”.

Eliseu estava diante da possibilidade do sim e do não. Tudo iria depender da sua resposta positiva ao ‘Se’ imposto pelo Profeta. Se os olhos de Eliseu fossem preparados o suficiente para enxergar além do Véu da Realidade, certamente ele iria receber aquilo que desejava o seu coração.

Todo o êxito da carreira de Eliseu dependia exclusivamente do seu sucesso naquele momento. Antes de Elias partir para realizar outra etapa de sua missão nesse planeta, Eliseu viveu o seu teste final. Ele era Aprendiz de Profeta e aquela era a avaliação definitiva.

Será que Eliseu tinha os olhos preparados para ver o mundo real?

“E sucedeu que, indo eles andando e falando...”

Eliseu andava ao lado de Elias e tudo parecia normal. O Aprendiz não tinha percebido nenhuma mudança na paisagem, todavia seus olhos já estavam abertos para verem além do Véu.  Enquanto andavam e conversavam foram surpreendidos por um Objeto Voador Identificado: “... um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho”.

“O que vendo Eliseu...”

O texto Sagrado não deixa dúvidas: os olhos de Eliseu foram abertos e ele viu. Em um instante o Aprendiz foi elevado à função de Profeta.

Perceba que a condição exigida por Elias para que Eliseu fosse seu sucessor, era que Eliseu enxergasse além da realidade dos sentidos físicos.

Ter os olhos abertos é requisito preliminar para ocupar a posição de Profeta de Deus.

domingo, 27 de julho de 2025

CURADO ALÉM DO VÉU DA REALIDADE

 



“Depois disto, tornou a pôr-lhe as mãos sobre os olhos, e o fez olhar para cima: e ele ficou restaurado, e viu a todos claramente”.

Jesus curou o cego tão além da conta que foi necessária uma ‘revisão’ para baixar a capacidade da visão daquele homem. Perceba que ao executar a segunda etapa, Jesus faz o homem olhar para cima, objetivando naturalmente conferir a esse homem a primeira percepção sob o Véu da Realidade.

Na primeira vez, o ex-cego não olhou para cima. Ele olhou na horizontalidade e contemplou os homens tal qual eles são: como árvores. Na segunda vez Jesus orienta que ele olhe para cima, para o céu.

O curado de Betsaida olhou para o Céu e novamente somos remetidos ao Gênesis: “No princípio criou Deus o céu e a terra” (Gn 1:1). O homem olha para o céu e para todo o firmamento que está sob o Lago das Águas Primordiais: “E fez Deus a expansão, e fez separação entre as águas que estavam debaixo da expansão e as águas que estavam sobre a expansão; e assim foi” (Gn 1:7).

Existe água em cima e existe água em baixo, e, mergulhados sob a turbidez das águas, todos nós percebemos a realidade de forma equivocada. Vemos os homens como bonecos de carne e cabelos, com alguns ossos aparentes; enquanto na verdade os homens são um complexo feixe de energia que se organiza sob o formato de ‘arvores que andam’.


Cesar de Aguiar


teolovida@gmail.com


retirado do livro CRIAÇÃO DESVENDADA

quinta-feira, 24 de julho de 2025

PALADAR E TATO

 


“...cuspindo-lhe nos olhos, e impondo-lhe as mãos...”

Para a geração do século 21, cuspir nos olhos pode ser considerado um ritual muito estranho. Todavia para aqueles dias, tratava-se de um costume corriqueiro.

Para entender essa atitude de Jesus é preciso saber que na antiguidade, o uso da saliva no trato social era comum e aquele ato revelaria ao enfermo que Jesus tinha a real intenção de curá-lo.

A saliva da boca e o toque das mãos. Jesus menciona dois sentidos de seu próprio corpo, e o cego certamente entendeu que Jesus iria curar o sentido da sua visão.

No capítulo ‘No Princípio Tudo Era Líquido’ falamos acerca do papel primordial da água, sendo a partir dela que todo o Universo teve origem. Relembrando aquele capítulo, podemos começar entender porquê Jesus usou líquido para trazer a claridade do dia àquele pobre homem.

Um dos principais nomes da filosofia de toda história da humanidade foi o grego Tales de Mileto. Esse filósofo não deixou textos escritos. Tudo o que se sabe sobre seus ensinamentos é baseado na tradição oral e em registros deixados por outros pensadores.

Esse filósofo acreditava que a água era a matéria-prima primordial, básica, responsável pela origem e formação de tudo que existe no Universo. O filósofo dizia: “O Universo é feito de água”, observando que, sem a presença da água, tudo estava fadado a morrer. Para Tales, a água era a fonte mais básica da vida.

Ao cuspir sobre os olhos do cego, Jesus estava convidando seus discípulos a voltarem ao Gênesis para desvendar alguns mistérios que são equivalentes; “assim na terra como no céu”: para o Criador, a construção do universo e a restauração dos olhos de um deficiente é a mesma coisa!

“No princípio criou Deus o céu e a terra. E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas” (Gn 1:1,2). A saliva é composta de 99,1% de água pura. Os demais componentes são substâncias inorgânicas (ânions e cátions) e substâncias orgânicas (mucina, amilase, ureia, lisozima, anidrase carbônica, tiocianato, glicose e algumas poucas outras substâncias).

Saliva é água.

Para o cego de Betsaida “havia trevas sobre a face do abismo”.

Para realização do milagre, o Mestre reconstruiu o cenário da criação. Ao cuspir sobre os olhos daquele homem Jesus reproduziu “a face das águas”.

Naquele momento os olhos inertes do homem de Betsaida era um ambiente equivalente ao do início do universo.

“...e impondo-lhe as mãos...”

As mãos de Jesus sobre os olhos do homem era o equivalente da pessoa do Espírito Santo: “... e o Espírito de Deus pairava sobre a face das águas”.

Os primeiros momentos do Universo foram reproduzidos sobre aqueles olhos doentes: Água e Espírito.

O resultado não poderia ser outro senão o que foi revelado pela confissão do cego, após a indagação de Jesus. “Ele levantou os olhos e disse: Vejo pessoas; elas parecem árvores andando" (Mc 8:24).

Nesse ponto do texto, começa a confusão de interpretações! A grande maioria dos estudiosos afirma que Jesus efetuou a cura do cego em duas etapas. Na primeira investida de Jesus, a cura do homem foi insuficiente, ou melhor, ficou uma cura ‘mais ou menos’, e por não fazer uma cura plena, Jesus transformou aquele cego em um míope.

Parece piada, mas, pra quem não enxergava nada, passar a enxergar vultos, já estava de bom tamanho!

Não acreditamos assim!

Acreditamos que realmente o milagre foi realizado em duas etapas, mas que, não se tratou de uma cura ‘mais ou menos’ na primeira etapa. Pelo contrário! Na primeira etapa aconteceu uma cura ‘mais e mais’.

Acontece que o cego passou a enxergar muito além que qualquer outro ser humano. Passou a ver além do Véu da Realidade, sem a interferência do Inconsciente Coletivo.

Superior à visão de Raio X, aquele homem passou a ver o Universo Quântico.

Enxergava os homens como Árvores; exatamente a forma que os homens têm: a aparência de um corpo formado por 99% de espaço vazio ocupado por um enxame etéreo de átomos em intensa atividade, que brilham piscando em uma velocidade incrível, no formato de Árvore: A Árvore das Sephirots.

São inúmeros os textos das Escrituras onde os homens são retratados como árvores.

Afirmamos que muito além de ser apenas uma metáfora, a forma de árvore é a verdadeira forma humana após o rompimento do véu da realidade. Quando a matéria do corpo físico é transcendida pela composição do corpo espiritual, o que se vê são árvores que andam.

Não é sem propósito que o Evangelho é chamado de boa semente (Mc 4:1-41). Não é sem propósito que o povo de Israel é comparado a árvores: “Assim saberão todas as árvores do campo que eu, o Senhor, abati a árvore alta, elevei a árvore baixa, sequei a árvore verde, e fiz reverdecer a árvore seca; eu, o Senhor, o disse, e o fiz” (Ez 17:24); o homem bem-aventurado “será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto no seu tempo; as suas folhas não cairão, e tudo quanto fizer prosperará” (Sl 1:3).

Em outro momento dos Evangelhos, Jesus protagonizou um evento que nos leva a meditar sobre o formato espiritual do homem. No evento da maldição da figueira, Jesus condenou aquela árvore a se secar, perdendo definitivamente sua vida no mundo físico. Jesus fez isso motivado pela decepção que teve ao procurar frutos nela e não encontrar.  Afinal, em um lugar onde a figueira era a árvore mais comum, e onde o clima favorecia plenamente o seu desenvolvimento, porquê aquela figueira não dava devidamente o seu fruto?

Logo em seguida Jesus entra no Templo e expulsa os vendilhões que faziam comércio se valendo da fé do povo.

Tudo sincronizado: momentos antes de amaldiçoar os mercenários da fé, Jesus amaldiçoou uma árvore infrutífera. Árvore do mundo (figueira) sob o Véu sendo amaldiçoada e árvore do mundo (comerciantes) além do Véu sendo amaldiçoada (Mc 11:14,15). Uma árvore do mundo fisico sendo amaldiçoada é a metáfora para a maldição imposta às arvores do mundo espiritual.

Cesar de Aguiar


teolovida@gmail.com


retirado do livro CRIAÇÃO DESVENDADA

domingo, 20 de julho de 2025

MISTÉRIOS REVELADOS

 


Jesus retirou o cego do meio da multidão e usou o milagre da cura para revelar a seus discípulos um mistério antigo, conhecido apenas pelos Rabinos mais preparados: os mistérios da Kaballah e da Árvore das Sephirots.

Esse conhecimento sempre foi transmitido via tradição oral, de Mestre para discípulo, disfarçados em diversas formas de rituais e simbologias. As escolas Rabínicas sempre seguiram o exemplo das escolas Herméticas, que por serem muito fechadas, aceitavam somente alunos com o perfil duramente testado e aprovado.

A expressão: 'hermeticamente fechada', tem suas origens no modo Hermetista de se transferir conhecimento.

Nos dias de Hermes Trimegisto, tal como nos dias de Jesus, todos entendiam que um mestre deveria passar a profundidade do conhecimento apenas para pessoas com muita base moral e com muito caráter. Aqueles sábios entendiam que a popularização do conhecimento banalizaria a sabedoria. “Não deis aos cães as coisas santas, nem lançai aos porcos as vossas pérolas, não aconteça que as pisem com os pés e, voltando-se, vos despedacem” (Mt 7:6).

O Século 21 é o tempo do mundo conectado, onde encontrar o conhecimento é uma tarefa fácil. Qualquer pessoa pode ter acesso rápido e de forma simples a todo tipo de informação. Estamos no tempo profetizado por Daniel: “E tu, Daniel, encerra estas palavras e sela este livro, até ao fim do tempo; muitos correrão de uma parte para outra, e o conhecimento se multiplicará” (Dn 12:4). A profecia diz claramente que no final dos tempos a luta dos sábios pela proteção do conhecimento seria vencida, e naturalmente por causa disso, a banalização dos segredos mais protegidos da humanidade levaria a humanidade ao caos.

Os homens se auto destruiriam por não saberem como utilizar de forma racional o conhecimento.

Os antigos lutaram para proteger o conhecimento, para que a sabedoria não caísse em mãos erradas. Difundir o conhecimento é fácil; difícil é conferir caráter ao ser humano.

As escolas herméticas e as escolas rabínicas tinham critérios rígidos para aceitarem seus alunos. O vestibular daquele tempo não verificava apenas o conhecimento teórico do aluno; o principal quesito analisado era a profundidade moral do discípulo.

Nos dias atuais as escolas aceitam qualquer psicopata como aluno, desde que ele passe no vestibular, ou pior ainda, desde que possa pagar pelo conhecimento.

Essa horizontalização do conhecimento torna a humanidade um perigo para si mesma.  

Deve se ter cuidado com a informação, enquanto o homem não tem formação. Um homem mau formado não pode nunca ser bem informado.

“É preferível a ignorância absoluta que o conhecimento em mãos erradas” (Platão).

Pense na construção da bomba atômica e na desgraça que é um conhecimento fantástico como esse nas mãos de homens preocupados apenas com jogos de poder. Lamentavelmente a humanidade não estava preparada para um conhecimento tão evoluído. Afinal, a despeito de usufruirmos dos benefícios da energia atômica, sempre haverá Hiroshima e Nagasaki para mostrar que a vaidade do homem o desabilita a ter essa ciência.

As máquinas evoluíram, todavia os homens que as conduzem permanecem os mesmos homens.

O carro de Fórmula 1 é certamente a evolução da carroça. Mas em que o piloto de um Fórmula 1 evoluiu a mais que o homem condutor de carroça?

O conhecimento evoluiu? Certamente que sim! Mas será que o homem evoluiu na mesma medida que as máquinas evoluíram? Certamente que não!

Qual é a verdadeira função de se buscar o conhecimento?

O conhecimento só é útil quando serve como um meio de nos tornar pessoas melhores. Se não for assim, o conhecimento mal utilizado será apenas uma ferramenta útil para validar a vaidade e a maldade do homem.

As máquinas que aparelham o conhecimento do homem serão obedientes a eles, e realizarão apenas aquilo que o homem tem no seu coração. Se o coração do homem for mal, as máquinas que o aparelham serão desenvolvidas unicamente com o intuito de praticar suas maldades.

Para não popularizar aquele conhecimento tão profundo, Jesus tomou o cego pelas mãos e o levou para fora da aldeia.

O Mestre queria proteger a revelação que estava prestes a apresentar a seus discípulos.


Cesar de Aguiar


teolovida@gmail.com


retirado do livro CRIAÇÃO DESVENDADA

quinta-feira, 17 de julho de 2025

O CEGO DE BETSAIDA



“E chegou a Betsaida; e trouxeram-lhe um cego, e rogaram-lhe que o tocasse. E, tomando o cego pela mão, levou-o para fora da aldeia; e, cuspindo-lhe nos olhos, e impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe se via alguma coisa. E, levantando ele os olhos, disse: Vejo os homens; pois os vejo como árvores que andam. Depois disto, tornou a por-lhe as mãos sobre os olhos, e o fez olhar para cima: e ele ficou restaurado, e viu a todos claramente. E mandou-o para sua casa, dizendo: Nem entres na aldeia, nem o digas a ninguém na aldeia” (Marcos 8:22-26).

Para esse segregado de Betsaida se cumpriu na íntegra o que foi dito pelo profeta: “O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz; sobre os que viviam na terra da sombra da morte raiou uma luz” (Mt 4:16).

A cura da cegueira é sempre um evento carregado de significado místico. Trazer a percepção da luz a um cego é um milagre que sempre está ligado a revelações de verdades muito profundas, que excedem a abordagem do plano físico apenas.

Para realizar o milagre em Betsaida, Jesus tem todo um protocolo que diferencia esse milagre dos demais. Tudo começou com Jesus retirando o cego da região central daquela aldeia. Afinal, o mistério que iria ser revelado não era para ser percebido por multidões, mas sim por um seleto grupo de iniciados no conhecimento dos mistérios.

"Os lábios da sabedoria estão fechados, exceto aos ouvidos do Entendimento" (Hermes Trimegisto).

Durante os milênios que antecederam os dias de Jesus, os Mestres se apoiavam nessa máxima do Hermetismo para disseminar suas revelações. O conhecimento deveria ser protegido, para que não caísse em mãos erradas.

Todas as vezes que a humanidade reuniu suas informações em livros e compêndios significava que naquele momento histórico havia uma perda significativa de interesse por parte dos discípulos.

Por falta de discípulos com os ouvidos sedentos, os Mestres ‘profanavam’ o mistério e reunia a revelação em pergaminhos.

Na tradição oral o ensinamento não era banalizado e as revelações eram passadas de boca a ouvido, em um sistema hermeticamente fechado.

Os Mestres evitavam reunir mistérios antigos escrevendo-os em livros e compêndios. Esses mistérios sempre foram protegidos daqueles que o buscavam somente com o propósito de se beneficiarem egoisticamente. Para a proteção desses mistérios sempre existiram almas fiéis que guardaram os segredos, defendendo-os com a própria vida, se preciso fosse.

Finalmente quando os mistérios foram escritos, seu significado foi protegido por inúmeros véus, de modo que somente os ‘escolhidos’ pudessem entendê-lo com profundidade.

Basta ler superficialmente os livros do Antigo Testamento para perceber que nas entrelinhas do texto existem mais informações do que no texto propriamente dito.

Na medida em que um texto reunia uma grande soma de mistérios, maior quantidade de véus eram lançados sobre o significado; perceba isso lendo os escritos de Ezequiel e Daniel.

Os profetas anunciavam eventos e mistérios que somente seriam descortinados para os ouvidos preparados e dignos de sabê-los. Não somente os escritores do Antigo Testamento, mas também os do Novo, trilharam pela mesma senda, e o Apocalipse de João é um exemplo perfeito da forma como os escritores de mistérios escondiam a verdade daqueles que não eram convidados a conhecê-la.

Jesus, a exemplo dos antigos mestres trilhou o mesmo caminho e reteve a revelação, entregando-a apenas aos ouvidos de seus discípulos. “Então os discípulos chegaram perto de Jesus e perguntaram: - Por que é que o senhor usa parábolas para falar com essas pessoas? Jesus respondeu: - A vocês Deus mostra os segredos do Reino do Ceu, mas, a elas, não.  Pois quem tem receberá mais, para que tenha mais ainda. Mas quem não tem, até o pouco que tem lhe será tirado.  É por isso que eu uso parábolas para falar com essas pessoas. Porque elas olham e não enxergam; escutam e não ouvem, nem entendem.  E assim acontece com essas pessoas o que disse o profeta Isaías: ‘Vocês ouvirão, mas não entenderão; olharão, mas não enxergarão nada.   Pois a mente deste povo está fechada:  Eles taparam os ouvidos e fecharam os olhos.  Se eles não tivessem feito isso, os seus olhos poderiam ver, e os seus ouvidos poderiam ouvir; a sua mente poderia entender, e eles voltariam para mim, e eu os curaria! — disse Deus.’  Jesus continuou dizendo:  — Mas vocês, como são felizes! Pois os seus olhos veem, e os seus ouvidos ouvem.  Eu afirmo a vocês que isto é verdade: muitos profetas e muitas outras pessoas do povo de Deus gostariam de ver o que vocês estão vendo, mas não puderam; e gostariam de ouvir o que vocês estão ouvindo, mas não ouviram” (Mt 13:10-17).

Os mistérios guardados por séculos poderão ser revelados hoje, mas ainda sob a mesma condição: os ouvidos do estudante devem estar sedentos para ouvir, a boca deve estar preparada para se calar, os pés devem estar prontos para caminhar, as mãos devem estar educadas para doar, o coração deve estar vazio para receber e a mente deve ter disposição para atingir a transcendência. Se assim for, os lábios da sabedoria virão.


Cesar de Aguiar


teolovida@gmail.com


retirado do livro CRIAÇÃO DESVENDADA

O MUNDO JAZ NO MALIGNO

 



“Sabemos que somos de Deus, e que o mundo todo jaz sob o Maligno. Sabemos que o Filho de Deus veio e nos deu entendimento para conhecermos o Verdadeiro. E estamos no Verdadeiro, nós que estamos em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna” (1 Jo 5:19,20).

A resposta fica cada vez mais clara!

O mundo sob o Lago é dominado por alguém que tem nome e história. Podemos estudá-lo, vencê-lo e enterra-lo sob seu reinado finito. “Para nós, não há luta contra a carne e o sangue, mas contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.” (Efésios 6:12)

A palavra ‘Jaz’ trata-se de uma palavra da língua portuguesa que serve para definir de forma muito clara aquilo que esboçamos acerca do domínio do Véu da Realidade.

No português, ‘JAZ’ é uma palavra que está na terceira pessoa do singular do presente do indicativo do verbo jazer e tem origem no latim: ‘jaceo + ere’, que faz referência a “estar estendido” ou mesmo “estar na cama doente”. O verbo ‘jazer’ também significa: “estar morto” ou “sepultado”. A palavra se relaciona com o ato de estar ‘situado em’, no sentido de ficar ou permanecer. É uma palavra que pode ainda representar algo que está fundado ou apoiado em outra coisa.

O significado dessa palavra tem muita proximidade com a morte.

Nas lápides dos cemitérios, a inscrição: “aqui jaz”, é muito comum e até mesmo adequada.

“Sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro jaz no maligno”. “Nos quais o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos” (2Co 4. 4).

A expressão: “jaz no maligno” indica que o mundo está sob o domínio do Mal, e dado como morto.

O mundo nada mais pode fazer, senão, como um defunto, aceitar o domínio do monstro invisível.  

Mas será que não há esperança?

É nesse contexto de morte, sob a lápide do Véu da Realidade, que Jesus expressa sua mensagem. Uma boa nova que pode mudar todas as coisas: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; E todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá” (Jo 11:25,26).

A história de Lázaro nos empresta uma metáfora perfeita para percebermos que rasgando o Véu (remover a pedra), a luz Divina pode invadir a escuridão e destruir as sombras.

Todavia, perceber que existe um mundo perfeito além do Véu, não é o suficiente para se viver a vida de verdade.

Muitas pessoas percebem esse domínio invisível. Muitos estão conscientes e convencidos de que uma força sobre-humana existe e conduz a marcha da história. Conscientes do domínio, tais pessoas passam acreditar em toda espécie de teoria da conspiração. Alguns dizem que o governo invisível é desempenhado por sociedades secretas, outros creem que se trata de ignorância e que o caminho da profundidade filosófica é a solução. Todavia não existe eficácia nesse conhecimento, senão arrogância de poder afirmar: ‘- agora eu sei’!

O que fazer com esse conhecimento? Como romper com o Zeitgeist?

Conhecer os fatos sobre o domínio do Reino das Trevas não é suficiente para se libertar dele. Quem está convencido da existência do mundo que ‘jaz sob o maligno’, apenas vive uma vida mais triste que aqueles que não sabem de nada. Nas palavras de Salomão: “Porque na muita sabedoria há muito enfado; e o que aumenta em conhecimento, aumenta em dor” (Ec 1:18).

O Véu é dinâmico e seus dominadores gargalham dos que julgam saber demais. O Véu muda de aparência e os pobres pseudo-sábios continuam vivendo sob uma outra manifestação do Véu: aquela em que o Véu continua sendo Véu enquanto cria a ilusão de que não está mais ali. Algo que nas histórias em quadrinhos é chamado de Manto da Invisibilidade. Parece que não tem nada ali, e nem mesmo o manto é visto, mas tudo se trata apenas de uma ilusão causada por um artefato com poder de esconder a realidade sob outra camada.

Voltando à história de Lázaro podemos perceber que o ato definitivo no processo de ressuscitar, não estava no ato remover a pedra ou na invasão da luz no interior do mausoléu. 

Lázaro ressuscitou porque ouviu a voz que o chamava do mundo dos mortos; “portanto, como diz o Espírito Santo: Se ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais os vossos corações” (Hb 3:7,8).

O ato definitivo para a ressurreição não é apenas uma evolução de consciência.

A salvação se processa no ato de ouvir e atender aquela voz que fala diretamente ao cerne da existência.

Jesus é o único que tem o poder sobre o mundo dos que jazem sob o Maligno. “- Lázaro, sai para fora. E o defunto saiu, tendo as mãos e os pés ligados com faixas, e o seu rosto envolto em um lenço. Disse-lhes Jesus: Desligai-o, e deixai-o ir” (Jo 11:43,44). “Pois Deus, que disse: ‘Das trevas resplandeça a luz’, ele mesmo brilhou em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo” (2 Co 4:6).


Cesar de Aguiar


teolovida@gmail.com


retirado do livro CRIAÇÃO DESVENDADA

domingo, 13 de julho de 2025

MALKUTH


 

Com a finalidade de trazer o homem de volta para o mais alto nível da evolução espiritual, lugar que ocupou antes da queda, o Eterno concebeu o caminho de volta na forma de uma escadaria de 10 degraus.

São as Dez Sephirots:  Kether, Chochmáh, Bináh, Chessed, Guevuráh, Tifereth, Netzach, Hod, Yessod e Malkuth.

Como dez Véus, estas dez Sephirots ocultam o Criador do homem sujo pelo pecado.

Conforme as verdades esclarecidas pelo Livro do Esplendor, o Zohar, esses dez Véus constituem os dez degraus que equivalem à distância em que nos encontramos do Criador. É a distância que nos separa da Glória Infinita.

Esses degraus começam na presença do Criador e se projetam de forma descendente até o nível dos homens. A Luz do Criador desce por esses degraus até atingir o homem, que se encontra no nível mais inferior da escadaria, o décimo degrau, chamado Malkuth.

Malkuth (em hebraico, מלכות: Mem, Lamed, Kaph, Vau, Tau) é a décima sephirah da árvore da vida cabalística. Segundo a sabedoria dos antigos rabinos, essa emanação representa o reino material. Todavia é mais do que apenas matéria. Malkuth é também é um aspecto psíquico e sutil do reconhecimento da realidade. “Ao perceber sua insignificância e desejando ascender ao Criador, o homem (na medida em que almeje aproximar-se do Criador) sobe pelos mesmos degraus por onde se deu sua descida inicial” (Rabi Hizkiyah).

Na medida que ocorre evolução espiritual, os véus vão se rompendo e o caminho fica livre para que o homem se projete na direção do infinito prazer de se estar na presença do Criador.

Quando Jesus ensinou seus discípulos a orar, Ele introduziu uma frase, que mostra aos seus alunos a necessidade de se evoluir dentro da matriz da Árvore da Vida.

A oração do Pai Nosso começa rogando pelo estabelecimento do Reino correto. Jesus reconhecia que Malkuth era o primeiro degrau na evolução espiritual de seus discípulos e por isso, roga ao Pai, que imediatamente os inserissem no Reino.

Jesus quer que, em contraponto ao reino desse mundo, o Reino de seu Pai seja estabelecido: “Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; Venha o teu Reino (Reino = Malkuth), seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mt 6:9,10).

O Mestre sabia muito bem acerca do que estava falando: Ele se referia ao lado certo de Malkuth. Falava do Reino de Deus que em contrapartida ao Reino do Maligno era o mundo sobre a superfície do Lago das Águas Primordiais.

A partir da superfície do Lago a evolução iria continuar, todavia com uma percepção diferente.

Antes de adentrar no Reino, o Criador é totalmente oculto ao homem.

A partir de Malkuth, a escalada dos outros degraus é feita com a certeza de que o Criador está esperando pelo homem no fim da escadaria.

‘Colocar os pés’ no patamar do primeiro degrau é um passo de pura fé; subir os demais degraus é uma caminhada de louvor, adoração, devoção, estudo, humildade e amor.

O governo do lado errado de Malkuth foi oferecido a Jesus pelo seu posseiro. Na ocasião em que foi tentado no deserto, Jesus rejeitou a possibilidade de governar esse mundo: “Novamente o transportou o diabo a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles. E disse-lhe: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares. Então disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a Ele servirás. Então o diabo o deixou; e, eis que chegaram os anjos, e o serviam” (Mt 4:8-11).

Naquela ocasião, na parte mais alta do Monte Quarantânea, Jesus Cristo disse: - Não.

O Filho do Homem rejeitou a possibilidade de governar o lado errado de Malkuth.

Existem dois reinos, ou dois lados de Malkut.

Existe o Reino de Deus, e esse é governado pelo Espírito. É esse Reino que Jesus roga ao Pai que se estabeleça.

Existe também o lado imperfeito de Malkut, governado pelo Espírito desse Mundo – a Velha Serpente, o inimigo de nossas almas, a quem Jesus chamou de Satanás.


Cesar de Aguiar


teolovida@gmail.com


retirado do livro CRIAÇÃO DESVENDADA

quinta-feira, 10 de julho de 2025

ZEITGEIST

 




Zeitgeist é um termo alemão cuja tradução literal é: o espírito da época, o espírito do tempo ou sinal dos tempos. É o conjunto do clima intelectual e cultural do mundo, que de forma inequívoca controla determinada época da história. São as características básicas e genéricas de um determinado período. Em suma: é a forma como o mundo é percebido pelos seus habitantes.

Não se trata de uma forma engessada ou aprisionada de se perceber e interagir com o sistema; é muito mais! Trata-se de uma força invisível e intocável que controla os passos da história, influenciando de forma definitiva o conceito e a forma como os personagens desempenham seus papeis no palco da existência.

Podemos perceber que Zeitgeist, por definição é uma busca por conceituar o Véu da Realidade usando outros parâmetros de observação. Sem muito esforço intelectual percebemos que enxergamos o mundo pelo caleidoscópio que nos foi conferido pela cultura, arte, sociedade, economia, religião...

Vivemos em um mundo dirigido por um governo invisível que nos envolve através de uma força gravitacional poderosíssima para nos fazer enxergar o que ele quer que enxerguemos.

Tal qual as águas do fundo de um lago que envolve todos os movimentos e a visão de um mergulhador, esse governo invisível envolve a cultura social, levando todos a enxergar através de suas lentes e se movimentar pelos predicados da sua influência.

Que governo invisível é esse? Como defini-lo? Como entendê-lo? Quem é o ser que se assenta sobre o trono desse reino invisível?

O reino invisível de Zeitgeist é imagem avessa do Reino de Deus.

O Reino dos Céus, que se assenta sobre a superfície do lago, é um governo perfeito em todas as suas nuances. É governado pelo poder invisível de uma força que tem a habilidade de regenerar e elevar a consciência cósmica de todos os seus súditos.

De um lado, sob a turbidez das águas do Lago das Águas Primordiais, se encontra o mundo sob a definição de Zeitgeist. Do outro lado, e sob a superfície do Lago, os habitantes que romperam o tecido do Véu da Realidade estão imersos na claridade da Luz Eterna.

Sob o Véu, os habitantes são controlados pelo poder dos cinco sentidos. Ao romperem o Véu, são conduzidos como pluma ao vento, sob o governo da percepção dos seis sentidos do corpo espiritual. “O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito” (Jo 3:8).


Cesar de Aguiar


teolovida@gmail.com


retirado do livro CRIAÇÃO DESVENDADA

domingo, 6 de julho de 2025

O TRONO DE DEUS E O CIRCULO NAS ÁGUAS




No mais alto céu ao norte, onde se assenta o Todo Poderoso, existe uma montanha chamada de O Monte da Congregação (Is 14.13). Do Trono de Deus e do Cordeiro nasce um rio. As águas nascem na presença do Senhor e alegram todo o lugar: “Há um rio cujas correntes alegram a cidade de Deus, o santuário das moradas do Altíssimo” (Sl 46:4). Essas águas vivas desaguam num imenso mar de cristal. O que João e Daniel viram foi uma mistura de água e fogo (Dn7:9,10; Ap 22.1; Ap. 4.6).

O que é físico serve de metáfora do que é espiritual.

O Monte Hermon é o equivalente físico do Monte da Congregação e o Mar da Galiléia é a manifestação física do Lago de Cristal, o Mar das Águas Primordiais.

Em um determinado momento da intenção do Criador, no meio do Mar de Cristal foi aberto um círculo. Intencionalmente esse círculo buscava a extremidade das trevas.

Salomão quando escreveu Eclesiastes estava no último ciclo de sua vida. Aquele era o momento em que o Rei se encontrava na plenitude da sua sabedoria. Em um de seus textos do Livro do Pregador, Salomão falava de uma sabedoria muito profunda, para além do universo material.

Nesse texto ele falava sobre o início de todas as coisas: “Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás. Reparte com sete, e ainda até com oito, porque não sabes que mal haverá sobre a terra” (Ec 11.1,2).

Deus lançou seu pão sobre as águas. O impacto do pão formou o círculo. Uma onda sobre as águas vivas, oriundas do Trono do Altíssimo.

O pão lançado na superfície do lago, e o lago com suas águas calmamente paradas teve seu destino mudado para toda eternidade.

A perturbação na água causada pelo impacto do pão causou um movimento de ondas em forma de circunferência, que se afastavam harmonicamente do ponto do impacto ao centro.

O pão de Deus tem nome: Ele é Jesus! O próprio Cristo que se intitula por esse nome eterno. “Eu sou o pão da vida” (Jo 6:48).

O pão que movimenta as águas e dá origem a todas as coisas porque Ele é o criador de todas elas. “A quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo” (Hb 1:2), “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez” (Jo 1:1-3).

As Águas do Mar de Cristal são as Águas Primordiais. A partir da matéria prima das Águas Primordiais o Criador trouxe à existência todas as coisas.

E tudo foi feito conforme o texto de Eclesiastes: “Reparte com sete, e ainda até com oito, porque não sabes que mal haverá sobre a terra” (Ec 11:2).

Tudo foi criado e estabelecido em seis dias, com um dia para descanso.

A soma de sete dias é o prefácio da história de todas as coisas. O oitavo dia é o Milagre.

Desde o início, tudo foi perfeitamente projetado, incluindo até mesmo a necessária saída de socorro para o sabido colapso.

Deus incluiu na criação o que Salomão referencia como Oitavo Dia.

O texto de Eclesiastes vem com uma provisão profética incluída no plano inicial da criação: “e ainda até com oito”, deixando implícito que havendo um mal sobre a terra, um oitavo dia da criação já estava providenciado.

 

Cesar de Aguiar


teolovida@gmail.com


retirado do livro CRIAÇÃO DESVENDADA

O PLANO DA SERPENTE

 

A estratégia do diabo foi inteligente e arrojada.

O princípio teológico usado por satanás era perfeitamente pavimentado pelo raciocínio lógico: ‘- Deus é santo e seu caráter não admite o pecado. Quando o homem pecar, a ira de Deus irá se manifestar e será obrigado a destruir aquele que foi criado para me substituir’.

Satanás nunca mudou, nem nunca vai mudar de estratégia. Percebemos isso se repetindo em diversos momentos da narrativa bíblica.

A história de Balaão e Balaque é contada entre os capítulos 22 e 24 do Livro de Números.

O rei Balaque procurou Balaão para que este profetizasse contra Israel. Balaão respondeu a Balaque que isso era impossível porque Israel era o povo escolhido do Senhor. Todavia Balaque instigou Balaão, e para convencê-lo deu a ele muitos presentes.

Balaão disse a Balaque: ‘- Amaldiçoar não tem jeito! Mas podemos colocar entre os israelitas algumas mulheres de costumes pagãos. Eles vão se unir a elas e elas vão ensinar costumes errados a eles. Eles vão adorar outros deuses e o Senhor do céu os destruirá’.

Satanás sempre soube que não poderia destruir o homem. Dessa forma, ele deseja o tempo todo jogar o homem contra Deus. Quer que o homem blasfeme contra o amor, contra a bondade e contra a soberania de Deus.

O diabo sabe que não tem o direito de tocar no homem. A sua intenção é fazer com que o homem peque contra Deus, para que Deus o destrua.


Cesar de Aguiar

teolovida@gmail.com

quinta-feira, 3 de julho de 2025

O HERMON E O JORDÃO

 


No norte de Israel existe uma concentração de montanhas chamada de Colinas de Golan. Com 2.814 metros de altitude, uma dessas montanhas é chamada de Montanha Nevada. É o Monte Hermon que tem o seu pico quase sempre coberto de neve, enquanto as terras ao redor queimam pelo sol de verão.

Nas encostas do monte Hermon nasce o mais importante rio de Israel. Quando o calor chega de forma abrupta nessa montanha, a neve derrete e corre para o sul através do sinuoso Rio Jordão. Essas águas chegam ao Mar de Tiberíades, mais popularmente conhecido como Mar da Galiléia.

Com a chegada dessas águas no Mar da Galiléia, o lugar se enche de vida e tudo ao redor viceja. Saindo dali, essas águas continuam correndo sinuosamente em direção ao ponto mais baixo da Terra que está a 400 metros abaixo do nível do mar. Um imenso lago chamado de Mar Morto, onde nenhum tipo de vida evolui.

As águas oriundas do Monte Hermon formam o Rio Jordão que por sua vez formam o imenso Mar da Galiléia.

É no Monte que tudo começa!


Cesar de Aguiar 

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domingo, 29 de junho de 2025

OS LIVROS DO ANTIGO TESTAMENTO - ESDRAS e NEEMIAS

 


 Esdras:

- Para quem foi escrito este livro? Para os judeus que voltaram do exílio.

- Por quem foi escrito (autor)? Esdras – segundo a tradição judaica.

- Em qual momento histórico? Depois do exílio persa (o império persa sucedeu o império babilônico), no início da reconstrução do Templo e dos muros de Jerusalém.

- Por que este livro foi escrito? Porque o povo precisava entender que Deus age soberanamente por meio de agentes humanos responsáveis para realizar o seu objetivo redentor.

- Para quê este livro foi escrito? Para encorajar os judeus que haviam retornado do exílio e que estavam reconstruindo o templo e os muros de Jerusalém (apesar das dificuldades econômicas, oposição de estrangeiros e conflitos internos). Este encorajamento veio através da revelação que, embora Israel ainda estivesse sob o domínio persa, o seu Deus soberano estava dando prosseguimento à sua obra redentora; e, para instruí-los à absoluta necessidade de sua atenção estar centrada no culto a Deus e na obediência à Sua Palavra.


Neemias (Ver as notas Esdras, pois os dois livros formavam originalmente um só).


Cesar de Aguiar 


teolovida@gmail.com

quinta-feira, 26 de junho de 2025

OS LIVROS DO ANTIGO TESTAMENTO - I CRONICAS e II CRONICAS




- Para quem foi escrito este livro? Para os judeus que voltaram do exílio.

- Por quem foi escrito (autor)? Esdras – segundo a tradição judaica.

- Em qual momento histórico? Depois do exílio persa (o império persa sucedeu o im-pério babilônico).

- Por que este livro foi escrito? Porque a nação de Israel estava sendo reconstruída e precisava de orientação e encorajamento, pois a restauração não havia produzido as mudanças dramáticas esperadas por muitos. Além disso, eles tiveram que suportar dificuldades econômicas desencorajadoras, oposição dos estrangeiros, bem como conflitos internos.

- Para quê este livro foi escrito? Para mostrar aos leitores como receber as bênçãos de Deus em seus dias; para atender as necessidades da comunidade que havia recentemente regressado do exílio babilônico; e, para responder aos seus principais questionamentos: Quem são os legítimos herdeiros das promessas que Deus deu ao seu povo? Quais são as instituições políticas e religiosas que devem ser adotadas? Havia esperança quanto a um novo rei davídico? Como o povo deveria compreender a experiência do exílio e da restauração à luz da lei e da graça de Deus?


14. II Crônicas (Ver as notas de I Crônicas).

domingo, 22 de junho de 2025

O INSCONSCIENTE COLETIVO



Carl Gustav Jung é com certeza um dos principais nomes da psicanálise moderna. Após trabalhar com Sigmund Freud, sendo influenciado pela sua obra, Jung fundou sua própria academia, que se tornou aceita e praticada de forma abrangente por muitos profissionais ao redor do planeta.

Jung é o fundador da psicologia analítica, que propôs e desenvolveu os conceitos de personalidade extrovertida e introvertida, conceito de arquétipo e de inconsciente coletivo. O trabalho desse cientista é influente não só nas matérias de psiquiatria e psicologia; Jung influenciou conceitos científicos, religiosos, literários e tantos outros.

A coluna vertebral da psicologia analítica proposta por Jung é a Individualização: processo de integração dos opostos, que inclui o consciente e o inconsciente. Para a ciência proposta por Jung, Inconsciente Coletivo é a camada mais profunda da psique humana; é constituído pelas informações herdadas, e é nesse inconsciente que reside os traços funcionais e imagens virtuais, que são compartilhadas a todos os seres humanos. O inconsciente coletivo é o alicerce onde está firmada a construção habitada pelos paradigmas cuja atuaçãos se expande para além da psique humana.

O inconsciente coletivo se manifesta inclusive na produção de sonhos, onde o cérebro mistura lembranças da experiência vivida com imagens impessoais e estranhas.

Sonhar com o que não se reconhece ou sonhar com pessoas nunca vistas e locais nunca visitados. Sonhar com imagens que não podem ser conscientemente associadas ao conteúdo da história individual. Muitos chamariam isso de ‘sonhos malucos’, porque não têm nenhuma conexão com a realidade do sonhador. Por essa abordagem, entendemos que os sonhos são produto da mistura do consciente histórico com o inconsciente coletivo.

Sonhos que não fazem sentido com a realidade são os sonhos mais comuns, e, louco é aquele que busca uma interpretação simplista para os ‘filmes malucos’, assistidos enquanto o corpo repousa em sono. Buscar saber e obedecer a uma suposta mensagem do significado dos sonhos analisados por tabloides e livrinhos simplistas, constitui uma afronta à inteligência e um risco à condução da vida.

O Inconsciente Coletivo atua como um almoxarifado de símbolos e imagens, que são denominados de Arquétipos.

Dos arquétipos se originam os mitos.

O Inconsciente Coletivo está de forma dinâmica e contínua sendo composto a partir do conjunto de todas as experiências obtidas pelos seres humanos.

Em resumo: no conceito de psicologia analítica de Jung, o Inconsciente Coletivo pode ser um modelo ideal para o entendimento dos fenômenos mentais, podendo influenciar conceitos da física, química e biologia.

Para Jung, ele não se desenvolveu e nem se desenvolve individualmente. Trata-se da herança do arcabouço da experiência humana. São os sentimentos, as lembranças, os pensamentos, sonhos e ideais compartilhados por toda a humanidade. É o reservatório que abastece a experiência humana de imagens latentes, de imagens primordiais, que cada pessoa herda de seus ancestrais.

Se de forma consciente a pessoa não entende porquê reagiu de tal maneira a tal situação, sua reação pode ser explicada a partir da definição da psicologia analítica. Acontece que todos os seres humanos herdam uma predisposição para reagir ao mundo da mesma forma que seus ancestrais reagiam.

O ser humano nasce com predisposição para pensar da forma como pensa, entender da forma como entende e agir da forma como age. Essa é a herança cultural da humanidade: vemos o mundo da forma como vemos porque nossos ancestrais também viam assim.

Um novo segmento do estudo da genética humana afirma que herdamos as experiências de nossos antepassados através do DNA, e que somos programados hereditariamente.

 

Cesar de Aguiar 


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quinta-feira, 19 de junho de 2025

OS LIVROS DO ANTIGO TESTAMENTO - I REIS e II REIS


I Reis:

- Para quem foi escrito este livro? Para os israelitas.
- Por quem foi escrito (autor)? Jeremias – segundo a tradição judaica.
- Em qual momento histórico? Quando Israel ainda estava no exílio da Babilônia.
- Por que este livro foi escrito? Porque Israel precisava refletir sobre sua história e sobre os pecados que levaram a nação à divisão (após a morte de Salomão) e, finalmente, à destruição.
- Para quê este livro foi escrito? Para fazer uma reflexão sobre os procedimentos de Deus para com o seu povo Israel; e, para extrair lições do passado (seus pecados e sua destruição) que sirvam ao seu povo no presente e no futuro.


II Reis:
(Ver as notas de I Reis; pois os dois livros formavam originalmente um só)

Cesar de Aguiar 

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domingo, 15 de junho de 2025

OS LIVROS DO ANTIGO TESTAMENTO - II SAMUEL




II Samuel:

- Para quem foi escrito este livro? Para os israelitas.

- Por quem foi escrito (autor)? Autor Desconhecido.

- Em qual momento histórico? Indefinido.

- Por que este livro foi escrito? Porque a casa de Davi (Tribo de Judá), finalmente, fir-ma-se com a família real de Israel.

- Para quê este livro foi escrito? Para demonstrar que Deus fez uma aliança com Davi (de dar à sua casa um reinado perpétuo) por causa do fervor do seu coração, da sua fidelidade à aliança e porque ele colocou o seu relacionamento com Deus a-cima de tudo o mais.


Cesar de Aguiar 


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quinta-feira, 12 de junho de 2025

OS LIVROS DO ANTIGO TESTAMENTO - I SAMUEL




I Samuel:

- Para quem foi escrito este livro? Para os israelitas.

- Por quem foi escrito (autor)? Autor Desconhecido.

- Em qual momento histórico? Indefinido.

- Por que este livro foi escrito? Porque havia uma questão chave a ser respondida com a instituição da monarquia em Israel: Como pode Israel ter um rei sem, com isso, comprometer o reinado de Deus?

- Para quê este livro foi escrito? Para demonstrar que era possível a Israel ter um rei humano sem, com isso, comprometer o reinado de Deus, desde que o rei respeitasse a aliança e incentivasse seu povo a fazer o mesmo.


Cesar de Aguiar 


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domingo, 8 de junho de 2025

O VÉU RASGADO




“E Jesus, clamando outra vez com grande voz, entregou o espírito. Eis que o véu do santuário se rasgou em duas partes de alto a baixo; tremeu a terra, fenderam-se as rochas” (Mateus 27. 50-51).

O véu do templo sendo rasgado é uma mensagem sutil: a realidade do mundo pode ser desmistificada.

Podemos avançar com intrepidez e ver o que está do outro lado.

 “A primeira revolução acontece quando você muda a sua mente sobre como ver as coisas, e percebe que pode haver outra maneira de olhar para elas que ainda não lhe mostraram. O que você vê depois é o resultado disso, mas essa revolução, esta mudança que se opera em sua maneira de ver, não será televisionada” (Gil Scott-Heron).


Cesar de Aguiar 


teolovida@gmail.com