Jesus retirou o cego do meio da multidão e usou o milagre da cura para
revelar a seus discípulos um mistério antigo, conhecido apenas pelos Rabinos
mais preparados: os mistérios da Kaballah e da Árvore das Sephirots.
Esse conhecimento sempre foi transmitido via tradição oral, de Mestre
para discípulo, disfarçados em diversas formas de rituais e simbologias. As
escolas Rabínicas sempre seguiram o exemplo das escolas Herméticas, que por
serem muito fechadas, aceitavam somente alunos com o perfil duramente testado e
aprovado.
A expressão: 'hermeticamente fechada', tem suas origens no modo
Hermetista de se transferir conhecimento.
Nos dias de Hermes Trimegisto, tal como nos dias de Jesus, todos
entendiam que um mestre deveria passar a profundidade do conhecimento apenas
para pessoas com muita base moral e com muito caráter. Aqueles sábios entendiam
que a popularização do conhecimento banalizaria a sabedoria. “Não deis aos cães as coisas santas, nem lançai
aos porcos as vossas pérolas, não aconteça que as pisem com os pés e,
voltando-se, vos despedacem” (Mt 7:6).
O Século 21 é o tempo do mundo conectado, onde encontrar o conhecimento
é uma tarefa fácil. Qualquer pessoa pode ter acesso rápido e de forma simples a
todo tipo de informação. Estamos no tempo profetizado por Daniel: “E tu, Daniel, encerra estas palavras e
sela este livro, até ao fim do tempo; muitos correrão de uma parte para outra,
e o conhecimento se multiplicará” (Dn 12:4). A profecia diz claramente que
no final dos tempos a luta dos sábios pela proteção do conhecimento seria
vencida, e naturalmente por causa disso, a banalização dos segredos mais
protegidos da humanidade levaria a humanidade ao caos.
Os homens se auto destruiriam por não saberem como utilizar de forma
racional o conhecimento.
Os antigos lutaram para proteger o conhecimento, para que a sabedoria
não caísse em mãos erradas. Difundir o conhecimento é fácil; difícil é conferir
caráter ao ser humano.
As escolas herméticas e as escolas rabínicas tinham critérios rígidos
para aceitarem seus alunos. O vestibular daquele tempo não verificava apenas o
conhecimento teórico do aluno; o principal quesito analisado era a profundidade
moral do discípulo.
Nos dias atuais as escolas aceitam qualquer psicopata como aluno, desde
que ele passe no vestibular, ou pior ainda, desde que possa pagar pelo
conhecimento.
Essa horizontalização do conhecimento torna a humanidade um perigo para
si mesma.
Deve se ter cuidado com a informação, enquanto o homem não tem formação.
Um homem mau formado não pode nunca ser bem informado.
“É preferível a ignorância
absoluta que o conhecimento em mãos erradas” (Platão).
Pense na construção da bomba atômica e na desgraça que é um conhecimento
fantástico como esse nas mãos de homens preocupados apenas com jogos de poder. Lamentavelmente
a humanidade não estava preparada para um conhecimento tão evoluído. Afinal, a
despeito de usufruirmos dos benefícios da energia atômica, sempre haverá
Hiroshima e Nagasaki para mostrar que a vaidade do homem o desabilita a ter
essa ciência.
As máquinas evoluíram, todavia os homens que as conduzem permanecem os
mesmos homens.
O carro de Fórmula 1 é certamente a evolução da carroça. Mas em que o piloto
de um Fórmula 1 evoluiu a mais que o homem condutor de carroça?
O conhecimento evoluiu? Certamente que sim! Mas será que o homem evoluiu
na mesma medida que as máquinas evoluíram? Certamente que não!
Qual é a verdadeira função de se buscar o conhecimento?
O conhecimento só é útil quando serve como um meio de nos tornar pessoas
melhores. Se não for assim, o conhecimento mal utilizado será apenas uma
ferramenta útil para validar a vaidade e a maldade do homem.
As máquinas que aparelham o conhecimento do homem serão obedientes a
eles, e realizarão apenas aquilo que o homem tem no seu coração. Se o coração
do homem for mal, as máquinas que o aparelham serão desenvolvidas unicamente
com o intuito de praticar suas maldades.
Para não popularizar aquele conhecimento tão profundo, Jesus tomou o
cego pelas mãos e o levou para fora da aldeia.
O Mestre queria proteger a revelação que estava prestes a apresentar a
seus discípulos.
Cesar de Aguiar
teolovida@gmail.com
retirado do livro CRIAÇÃO DESVENDADA
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