quarta-feira, 8 de agosto de 2018

EXISTE IMPREVISTO PARA DEUS?


Jeremias 7:31 – “Construíram o alto de Tofete no vale de Ben-Hinom, para queimarem em sacrifício os seus filhos e as suas filhas, coisa que nunca ordenei e que jamais me veio à mente”.

Esse texto coloca diante de nós um ato de extrema maldade praticado por pais e mães que adoravam deuses esquisitos. A atitude desses pais nos leva a pensar sobre o que se passava em suas cabeças no momento em que tomaram a decisão de queimar seus próprios filhos em um ritual de louvor a esses deuses infernais.

Perceba que esse texto do Profeta Jeremias é ambientado em um momento histórico imediatamente anterior ao cativeiro babilônico. O povo de Israel estava tão distante do Deus Verdadeiro, que perderam completamente a afeição natural e o senso de consciência. O amor materno e paterno ficou obscurecido a ponto de, como sintoma de uma grave doença espiritual, terem a capacidade de oferecerem suas crianças como holocausto ao Deus Baal.

A ideia é tão assustadora que a boca de Jeremias profetiza de forma exclamatória: “coisa que nunca ordenei e que jamais me veio à mente”. Esse é o ponto do texto ao qual queremos nos ater para compreender essa fala do Onisciente.

- Será que até aquele momento da história humana, Deus nunca tinha concebido a ideia de que um pai ou uma mãe poderia oferecer seu próprio filho em sacrifício a um deus estranho? Será que Deus foi tomado de surpresa? Será que Deus não sabia?


Vamos responder logo: - É claro que Deus sabia.


Mas como explicar essa aparente contradição?

Vejamos a história de Israel para perceber que essa prática já existia em um tempo anterior aos dias de Jeremias. Existem relatos dessas práticas datados de bem mais de 100 anos anteriores aos dias de Jeremias.

No reinado de do Rei Acaz temos o seguinte relato: “No ano dezessete de Peca, filho de Remalias, começou a reinar Acaz, filho de Jotão, rei de Judá. Tinha Acaz vinte anos de idade quando começou a reinar, e reinou dezesseis anos em Jerusalém, e não fez o que era reto aos olhos do Senhor seu Deus, como Davi, seu pai. Porque andou no caminho dos reis de Israel, e até a seu filho fez passar pelo fogo, segundo as abominações dos gentios que o Senhor lançara fora de diante dos filhos de Israel” (2 Reis 16:1-3).

Também no governo de outro Rei de Israel somos aterrorizados por essa cena de filme de terror. No reinado de Oséias encontramos outro relato dessa prática pavorosa: Também fizeram passar pelo fogo a seus filhos e suas filhas, e deram-se a adivinhações, e criam em agouros; e venderam-se para fazer o que era mau aos olhos do Senhor, para o provocarem à ira” (2 Reis 17:17).

Ainda no livro do Levítico, escrito por Moisés, existe uma ordem clara de Deus acerca dessa prática, indicando que essa ideia já havia sido concebida em tempos muito anteriores aos dias de Jeremias: "Não entregue os seus filhos para serem sacrificados a Moloque. Não profanem o nome do seu Deus. Eu sou o Senhor” (Lv 18.21).
Voltemos à exegese do texto de Jeremias: “Construíram o alto de Tofete no vale de Ben-Hinom, para queimarem em sacrifício os seus filhos e as suas filhas, coisa que nunca ordenei e que jamais me veio à mente”.

A palavra hebraica: “LEB”, em função do contexto pode ter dois significados. Ela pode ser traduzida por MENTE ou CORAÇÃO.

Esse texto é mais bem traduzido quando a palavra hebraica ‘LEB’ é traduzida por ‘CORAÇÃO’ em substituição à palavra mente. Tudo fica em perfeita harmonia com o equilíbrio das Escrituras quando esse texto é traduzido da seguinte forma “coisa que nunca ordenei e que jamais me veio ao coração”.

Substituindo a palavra “mente” pela palavra “coração” passamos a ter uma nova abordagem do texto. A palavra “coração” dá um sentido de sentimento e não de racionalidade. Perceba que algo que “jamais me veio ao coração” pode ser harmoniosamente traduzido por: “nunca desejei” ou mesmo “nunca quis que acontecesse”. “(...) coisa que nunca ordenei e que nunca quis que acontecesse”.

Enfim, Deus nunca é surpreendido por nada. Ele sabe o fim desde o começo!


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César de Aguiar
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quarta-feira, 1 de agosto de 2018

A ONISCIÊNCIA DE DEUS E O ESQUECIMENTO

Isaías 43:25 – “Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim, e dos teus pecados não me lembro”.


Sem um conhecimento abrangente das Escrituras é impossível compreender esse versículo de forma eficiente. Para perfeita compreensão, nós devemos ler esse versículo sob a influência do espírito das Escrituras.

Uma análise do contexto nos leva a perceber que Deus está tratando do relacionamento com um povo que Ele escolheu para chamar de Seu. Trata-se de uma conversa muito pessoal entre Deus e a Sua nação escolhida. Nessa conversa, o Senhor expressa um profundo desejo de que o Seu povo se arrependa de seus maus caminhos. Deus expressa sua vontade: Ele quer que seu povo se volte para Ele.

Os versículos 25 e 26 de Isaías 43 faz uso de linguagem antropomórfica. Deus está usando uma característica humana para traduzir um sentimento comum aos seres humanos. Como o ser humano não compreenderia o que de fato se passava na mente do Criador, Deus resolve a questão usando uma linguagem que o homem entenderia. 

Todas as passagens bíblicas onde Deus é apresentado como aquele que vai se esquecer dos nossos pecados pode ser interpretada assim: Deus jamais vai permitir que o conhecimento daquele pecado cometido viesse exercer qualquer influência sobre a saúde de nossa relação com Ele. Para Deus, o pecado após ser perdoado, perde o seu efeito condenatório. Sem o efeito condenatório o dano não tem razão para ser lembrado. Enfim, o que não precisa ser lembrado pode ser esquecido.

Todavia sabemos por definição que perdoar não é esquecer. O dito popular: ‘quem perdoa, esquece’, não é verdadeiro! Perdoar é outra coisa: perdoar é riscar a cédula de dívida.Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz” (Cl 2:14).

Quando oferecemos perdão devemos imitar a forma de Deus agir. As ofensas que sofremos devem ser perdoadas e ainda que nos lembremos delas, devemos ser firmes em nossa decisão de manter o perdão ativo. Com o tempo, essa decisão naturalmente nos leva a pensar cada vez menos no evento que causou o dano. Quando a lembrança do mal te assaltar, mantenha a decisão de perdoar.
Perdoar é um milagre que resolvemos realizar várias vezes sobre o mesmo evento. Nas palavras de Tertuliano: “Você quer ser feliz por um instante? Vingue-se. Você quer ser feliz para sempre? Perdoe”.

O esquecimento é natural quando se decide perdoar setenta vezes sete (Mt 18:32). Embora a ofensa não seja excluída de “nosso HD”, o tempo vai apaziguando os ânimos e cicatrizando as feridas.

Faça como Deus faz: risque a cédula de dívida e continue seguindo em frente, com o coração pronto para uma nova ferida!

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César de Aguiar
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