terça-feira, 27 de agosto de 2019

O ENTENDIMENTO MÍSTICO DA EXPRESSÃO VITRIOL


V.I.T.R.I.O.L. é a sigla de uma expressão latina que significa: "Visita Interiorem Terrae, Rectificando, Invenies Occultum Lapidem", que traduzida, fica assim: “Visita o Centro da Terra, Retificando-te, encontrarás a Pedra Oculta” (ou Pedra Filosofal). 


A filosofia dos antigos alquimistas nos ensina o significado misterioso dessa expressão, quando transfere sua equivalência para o trato da condição humana: “Visita o Teu Interior, Purificando-te, Encontrás o Teu Eu Oculto”. Nesse objeto, o ‘Eu Oculto’ significa: ‘a tua mais profunda essência’. 


Vitriol é o símbolo universal da constante busca pela pedra filosofal, que finalmente alude ao esforço que o homem faz para melhorar a si mesmo e o mundo a sua volta. É o "abre-te Sésamo" da existência. É a viagem exploratória das terras do coração.


É urgente afirmar que a exploração do espaço interior é muito mais importante que a exploração do espaço exterior. Ir à Lua, ou a Mercúrio certamente acrescentará importantes medidas ao conhecimento humano, todavia, serão conhecimentos meramente transitórios, que a nível metafísico servem apenas como metáforas ao verdadeiro ser, que é o Eu interior. 


A meta do discípulo é se libertar das algemas do tempo, sujeitando o material e transitório em função da evolução do corpo espiritual. Não jogue fora o tempo! Aproveite cada oportunidade que te é oferecida na linha da vida, entre o ponto do seu nascimento e o derradeiro ponto que simboliza sua morte física. 


Saiba que reta do tempo já existia antes do ponto onde nascemos e continuará existindo após nossa partida. Devemos aproveitar a nossa vida para nos consumir no amor do Criador, caso contrário, partiremos do domínio do Chronos sem espoliar seu reino finito.


Alguém escreveu em um blog na Internet: “A palavra vida explica o que é a vida. A vida é só um ‘V’. Todo resto é ida”, por isso é urgente encontrarmos e vivermos a utilidade da nossa existência física. 


O ideal da identidade existencial deve ser buscado como um garimpeiro busca um tesouro ou como uma mulher que busca uma das contas de seu colar perdido dentro de sua própria casa. 


Identidade é estar no caminho de si mesmo. 


“Sempre é bom termos consciência de que dentro de nós há alguém que tudo sabe” (Hermann Hesse). Esse alguém é você mesmo, que em função do pecado, foi adormecido no sono da morte espiritual e por isso se esqueceu daquilo que foi combinado com o Criador antes da fundação do universo. O Ser interior é o seu verdadeiro Eu – o seu espírito, gerado em Deus antes que o Universo fosse criado.


Quem busca a evolução espiritual deve diariamente praticar o exercício da autoanálise. Nas palavras do Apóstolo Paulo: “Examine-se, pois, o homem a si mesmo” (1Co 11.28). Nas palavras de Sócrates: “Conhece-te a ti mesmo”.

Esse exercício é sempre a melhor metodologia para ascender ao próximo degrau da elevação do Ser. Existe uma quase unanimidade em afirmar que o melhor horário para esse exercício é sempre antes de se recolher ao sono. Na oração noturna sempre devemos prestar conta daquela fração de vida compreendida entre o momento que saímos da cama e aquele quando nos retornamos a ela.

A autoanálise tem uma função vital no processo de evolução espiritual. É sempre o melhor método para se aparar as arestas da pedra bruta. Na medida em que praticamos esse exercício, descobrimos que sempre existe alguma ponta ou saliência indesejada que precisa ser removida pelo cinzel e pela marreta da lei, da moral, da razão e do alinhamento vocacional.


Se o exercício físico produz dor nos músculos da carne, correspondentemente, o exercício espiritual produz dor no tecido da alma. Amiúde, na rotina de se exercitar, você vai se deparar com uma dor indecifrável proveniente dos rincões mais profundos do seu Ser. Não perca tempo! Pergunte à sua alma: ‘o que está acontecendo?’


Naturalmente sua mente racional vai tentar te proteger alegando suas razões. A auto piedade e a auto justificação aparecerão no tribunal para testemunharem a seu favor. Será aberta a sessão do tribunal da consciência onde a sua racionalidade vai advogar em favor do seu conforto existencial, o que na maioria das vezes significa permanecer jogando para debaixo do tapete das emoções os entulhos mais esquisitos. Sua razão vai articular afirmando à sua consciência que você não fez nada de errado. Vai tentar te convencer de que quando você deu aquela má resposta, ou cometeu aquela infração, você estava com a razão e que era aquilo mesmo que você deveria ter dito ou praticado. 


Todo mundo já viveu algo assim! Suponha que a sua racionalização te convença de que, o que você fez, foi a coisa certa, e mesmo estando com a ‘razão’ do seu lado, você ainda não está conseguindo dormir em paz. Seu coração continua apertado e a dor proveniente do âmago do Ser ainda persiste.


Não abandone o exercício! Saiba que você está queimando ‘gorduras da alma’, e que ela em função dessa atividade, ficará mais forte e mais saudável. Repita novamente a pergunta, mas dessa vez, em penitente atitude de oração, direcione o questionamento ao mais profundo do seu coração. 


Aprenda que Oração é falar com o Deus Vivo. Entenda que o Deus Vivo não habita templo feito por mãos do homem (At 17.24). 


Oração é falar com o Deus Vivo que mora dentro de você. Enquanto você fala com Deus, seu espírito também escuta a oração e a resposta sincera sempre vem! Existem respostas que vem de Deus, mas a maioria das respostas são conclusões que você já sabe, precisando apenas de se lembrar delas.

O Deus Vivo, nas habitações da sua casa espiritual te faz lembrar daquilo que está oculto e que ainda não sabes. Não sabe, porque ‘não se lembra’.


“Eis que amas a verdade no íntimo, e no oculto me fazes conhecer a sabedoria” (Sl 51:6). Davi viveu exatamente essa experiência quando orou a Deus pela restauração da sua identidade espiritual. O homem segundo o coração de Deus experimentou o flash de luz, no interior do seu Ser, o que lhe trouxe sabedoria e redenção.


O seu coração nunca vai te enganar. Seu espírito tomará sua consciência pelas mãos e te levará exatamente ao lugar onde você desafinou a sinfonia da vida, ao lugar onde você quebrou os protocolos da existência. Nesse processo você vai perceber que por detrás dos nossos erros sempre está a sombra negra do egoísmo.


A partir desse momento você vai parar de olhar somente para suas próprias razões. Vai notar que o mundo não gravita à sua volta e que o outro também tinha as razões dele, ou que talvez o outro, assim como você, também não se encontrava em seu melhor dia e por isso também não foi a melhor pessoa, e que também, como você, precisa de redenção. 


O seu coração vai revelar o seu pecado e vai ordenar a sua penitência. Um pedido de perdão seguido de reparação é sempre a melhor solução para recolocar o trem da vida nos seus devidos trilhos.


Você vai perceber que por não mais haver um leito para a dor, ela simplesmente vai embora, sem se despedir e levando consigo o espinho que outrora estava fincado no seu coração. Ela sai de você, sem que você perceba o momento exato em que ela saiu. Em pouco tempo você simplesmente constata: ‘Cadê a dor que estava aqui?’ Nessa constatação está a silenciosa fala da vida te dando uma nova chance: ‘eu confio em você’.


Extraído do livro: GÊNESIS DESVENDADO

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Cesar de Aguiar 

Contato: 31 99582 2778 (Cel. / WhatsApp)






Gênesis Desvendado: A revelação dos profundos mistérios da criação estudados em consonância com a ciência e a tradição judaica.

terça-feira, 20 de agosto de 2019

HUBBLE E O CRIADOR DE TODAS AS COISAS.

Edwin Powell Hubble foi um astrônomo norte americano que se tornou notório por ter descoberto que as nebulosas não eram apenas nuvens de hidrogênio, poeira e plasma. Antes da descoberta de Hubble e Vesto Melvin Slipher, acreditava-se que uma nebulosa era qualquer corpo celeste que não tinha limites precisos e nessa definição se enquadrava qualquer corpo difuso que pudesse ser observado pelos telescópios. 

Antes que Hubble e Slipher, no início do século XX, confirmassem que aqueles corpos difusos não se tratava de nebulosas, mas sim de galáxias distantes, o mundo acreditava que Andrômeda era uma nebulosa e não uma galáxia. 

A confirmação desses cientistas foi mais longe do que apenas mudar a nomenclatura de corpos celestes. 

Além de afirmar que nebulosas eram na verdade galáxias muito distantes da Via Láctea, eles estavam mudando o rumo da ciência, ao provarem que essas galáxias se afastavam-se umas das outras, viajando pelo espaço a uma velocidade proporcional à distância que as separam.

A descoberta de que as galáxias estavam se separando indicava uma conclusão óbvia: se estão se distanciando é porque em um tempo anterior elas se encontravam juntas, como se tivessem partido de um mesmo ponto. 

Em um momento elas estavam todas no mesmo lugar, e após um evento de proporções fantásticas tudo começou a viajar em direção à expansão do Tudo. 
Hubble e Slipher descobriram e apresentaram à humanidade um universo dinâmico e em fantástica evolução. 

O novo entendimento era muito mais interessante que o anterior.

Pelo trabalho desses dois cientistas a humanidade passou a ter outra definição de Universo. Algo sistematizado, gerido por forças poderosas e incríveis.
A expansão deixava migalhas pelo caminho - pistas de um funcionamento ordenado, matemático, colossal e delicado. 

O novo entendimento fornecia aos cientistas a possibilidade de contar a história da vida inteira do Cosmo, isso porque a expansão do universo deixou sua marca pelo caminho. Pegando o caminho de volta, a sua história poderia ser rastreada até a singularidade inicial. 

Deus deixou pistas de suas digitais por todo o lugar que Ele passou.

O Paradoxo de Olbers, também conhecido por paradoxo da noite escura, prova que o universo não é eterno e não é estático. Heinrich Wilhelm Olbers, em 1826 provou que tudo teve um início e que tudo está em constante evolução. Consonante com a ciência, a Bíblia concorda com Olbers, quando afirma que “No princípio Deus criou os céus e a terra”, e concorda ainda mais quando no decorrer dos Dias da Criação, Deus foi organizando todas as coisas, estabelecendo uma ordem evolutiva entre o primeiro e o sexto dia.
A Segunda Lei da Termodinâmica afirma que o nosso universo caminha para o caos e para a desorganização, pressupondo que no início de todas as coisas, quando toda a energia estava acumulada em um único lugar, tudo era perfeitamente organizado. Novamente as Escrituras estão alinhadas com a ciência enquanto afirma que todas as coisas que vemos agora serão destruídas e uma nova dimensão se estabelecerá na consumação da vitória de Cristo. “Em verdade, eis que criarei novos céus e uma nova terra; e todos os eventos passados não serão mais lembrados. Jamais virão à mente!” (Isaías 65.17).

Georges Lemaître, sacerdote jesuíta e astrofísico belga, sustentou que, em sua origem, o universo estava concentrado em um único ‘átomo primordial’, extremamente quente e terrivelmente condensado, que explodiu e começou a expandir-se, criando galáxias e depois estrelas. A teoria de Lemaître foi logo chamada de teoria do ‘Big Bang’, em 1950. 

Lemaître enfrentou muita dificuldade para apresentar sua tese na comunidade científica. Nesse tempo o conceito de que o universo veio a existir a partir de uma grande explosão ainda não fazia sentido matemático para a maioria dos cientistas. 

O conceito de que nos primórdios tudo estava concentrado em um único átomo traz uma poderosa mensagem implícita. Uma mensagem que obriga a evolução do pensamento e tira qualquer ser humano de sua zona de conforto.
Se no início tudo estava concentrado em um único átomo, obrigatoriamente uma força sobrenatural inteligente teve que disparar o processo. 
Os teólogos acreditam na máxima de Hebreus 11:3 – “Pela fé entendemos que o universo foi formado pela palavra de Deus, de modo que o que se vê não foi feito do que é visível”

Deus não criou o universo a partir do Nada. Deus é o princípio ativo de todas as coisas. A expressão latina “Ex nihilo nihil fit” significa: “nada surge do nada”. A frase atribuída ao filósofo grego Parménides indica a existência de um princípio metafísico segundo o qual o ser não pode começar a existir a partir do nada. O nada nunca pode produzir algo! Se algo existe é porque um poder superior o arquitetou e o trouxe à existência. 

É assim que os teólogos acreditam! Cremos que o mundo espiritual criou o mundo físico a partir da vontade de Deus.

Deus criou o universo estando do lado de fora do universo. 

O Grande Arquiteto não caberia nos limites espaciais estabelecidos por Ele. Um universo temporal e espacial não comportaria a presença plena do Emanante de Toda Vida. 

O lugar de habitação do Eterno naturalmente tem que ser “Não Espacial” e “Não Temporal”, e por isso acreditamos em mundos superiores onde o conceito de espaço e tempo simplesmente não se aplica.

Nesse lugar sem tempo ou espaço a voz de Deus bradou: “HAJA”

Deus falou fora do tempo e do espaço. Não no passado, nem no presente e nem futuro. 

Difícil é para o ser humano entender como isso funciona na prática, afinal somos limitados pela ausência de experiência com um mundo onde tempo e espaço não existam. Por isso podemos apenas nos agarrar a uma simples questão de pura lógica: como Deus disse HAJA estando fora do tempo e do espaço, nem no passado, nem no presente e nem no futuro, Deus disse HAJA e por isso continua havendo! 

O universo continua expandindo porque não parou de ouvir a voz do Criador ordenando “HAJA”.

César de Aguiar

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Extraído do livro: GENESIS DESVENDADO




Gênesis Desvendado: A revelação dos profundos mistérios da criação estudados em consonância com a ciência e a tradição judaica.


Contato com o autor:    teolovida@gmail.com      (31) 99582 2778

segunda-feira, 12 de agosto de 2019

GALILEU, A INQUISIÇÃO E O CORRETO POSICIONAMENTO DA TEOLOGIA FRENTE À CIÊNCIA



A interpretação dos 11 primeiros capítulos de Genesis está longe de ser uma unanimidade entre os estudiosos da Bíblia. Na verdade, cada estudioso tem seu próprio pensamento e alguns cientistas respeitam esse texto apenas como poesia e outros como filosofia. 


E como se não bastasse essa imensa confusão interpretativa, sempre surgem novas correntes de pensamento. 


Sábios são aqueles que além de ver poesia e filosofia, enxergam também um texto científico carregado de literalidade.


O texto inicial das Escrituras trata da criação do universo material até o estabelecimento do mundo pós-diluviano. Esse texto é certamente o bloco de interpretação mais complicado de todas as Escrituras e definitivamente um dos mais ricos.


Alguns liberalistas atuais consideram esse bloco das Escrituras um mito e a lacuna entre ciência e fé só vai se alargando!

O erro é pensar que fé e ciência tratam de assuntos diferentes. O erro é pensar que o cientista tem que se libertar da influência da teologia para se dedicar à pesquisa sem a suposta pressuposição de crendices. Também é errado pensar que aqueles que professam a fé em Deus devem considerar desnecessário o trabalho dos teólogos que se debruçam sobre a solução do paradoxo entre fé e ciência. 


O caos interpretativo de Gênesis está intimamente ligado à preguiça e ao preconceito e é exatamente a preguiça intelectual e o preconceito religioso que se tornaram o pai e a mãe da ignorância tanto de cientistas quanto de teólogos.

É a busca por um Cristianismo transcendente, perseguidor do entendimento da natureza de Deus que deve ser motivação para a busca do conhecimento.

Cristo está além das paredes do templo físico e o Evangelho deve permear todo o conhecimento humano. 


O pensamento da filosofia, da química, da biologia, da física e da astrofísica deve ser impactado pelo conhecimento da natureza e os propósitos do Criador, afinal tudo que existe, existe porque Deus assim o fez. 


Não podemos nos enclausurar em uma teologia de portas fechadas, antes devemos abrir a porta para agregar novas descobertas e entender que a sutil verdade das Escrituras nos é revelada através de camadas, e que a profundidade do entendimento nos espera na próxima investida.

A escalada do conhecimento se faz por uma escada infinita, tão ilimitada quanto a infinita sabedoria do Criador. 


Podemos nos deleitar em interpretar o Apocalipse a partir das novas fotos do Hublle. Podemos compreender a missão do profeta Elias a partir do deslocamento no espaço tempo, segundo a Relatividade Geral de Einstein. Podemos entender a teologia de Paulo a partir do Princípio da Incerteza de Heisenberg.


Em 1616 a Igreja (Tribunal do Santo Ofício) pronunciou-se contra a Teoria Heliocêntrica que afirmava que o Sol era o centro imóvel do Universo. Segundo a dogmática do cristianismo de então, a terra era o centro do universo e tudo o mais se movia em torno dela. 


Para a igreja daquela época o cientista Galileu Galilei estava teologicamente errado e, por seus pensamentos, em 1642, morreu condenado pela Igreja Católica. Após sua morte todas as suas obras foram censuradas e proibidas.

Naquele mundo governado pela vaidade religiosa, a igreja usava textos bíblicos para racionalizar acerca de assuntos científicos e não permitia o uso da metodologia científica para comprovação de qualquer coisa que segundo sua conveniência fosse ruim para os negócios da igreja.


Para combater a teoria de Galileu que dizia que a terra girava em torno do sol, os religiosos daquele tempo usavam o seguinte texto bíblico: “Digam entre as nações: O Senhor reina! Por isso firme está o mundo, e não se abalará, e ele julgará os povos com justiça” (Sl 96:10). Esse era o texto predileto pelos inimigos da ciência de Galileu.


Como outra evidência a igreja da época apontava para o evento em que Josué ordenou que o sol se detivesse no meio do céu. Segundo o argumento da igreja, a Bíblia como texto inerrante, deixava claro que era o sol que se movia ao redor da terra, caso contrário a ordem de Josué deveria ter sido dada à terra e não ao sol.


Se pensarmos dentro das limitações espaciais e fundamentados numa interpretação literal a igreja daquele tempo estava com a razão!

Ao afirmar que era a terra se movia, para aquela Igreja, Galileu era um herege de fato! 


Todavia o seu telescópio provou o contrário! 


O próprio Galileu queria separar ciência de religião e em própria defesa pronunciava que “as Escrituras nos dizem como ir para o céu, não como estão indo os céus”. Para ele a igreja deveria ensinar as pessoas a como ir para o céu e que deixassem a ciência em paz, afinal a ciência queria mostrar apenas “como estão indo os céus”.


O impasse entre Galileu e Igreja durou centenas de anos. Esse episódio teve seu fim em 1992 quando o Vaticano se retratou publicamente aceitando como correta as descobertas de Galileu.

Finalmente a igreja deu a mão à palmatória. Todavia demorou demais para pedir perdão pelo assassinato de um dos maiores cientistas da história da humanidade.


Que isso sirva de aviso aos estudiosos de ontem e de hoje: nem sempre as Escrituras devem ser interpretadas de forma literal. 


Cabe ao exegeta usar a correta ferramenta de hermenêutica para perseguir o significado real do texto. Para cada texto cabe a sensibilidade de escolher a correta ferramenta ou até várias ferramentas hermenêuticas.


Acerca do evento de Josué, podemos virar essa página interpretando o texto de forma equilibrada, pois até hoje, ao nos referirmos ao início e ao fim de um dia dizemos que “o sol nasceu” e “o sol se pôs”, mesmo sabendo que é a terra que se move e não o sol! Uma simples questão do uso coloquial das palavras.

Desde os tempos de Salomão, essa forma de se referir ao dia e à noite não mudou muito! “O sol se levanta e o sol se põe, e depressa volta ao lugar de onde se levanta” (Ec 1.5).


A hermenêutica bíblica deve fornecer as ferramentas a serem usadas para equilibrar a teologia com a descoberta irrefutável de Galileu e com todas as descobertas científicas efetivamente comprovadas.


Se a Bíblia tem texto para mostrar uma terra imóvel no espaço, ela também tem texto para mostrar o contrário: “Ele transporta montanhas sem que elas o saibam, e em sua ira as põe de cabeça para baixo” (Jó 9.5). Esse texto nos apresenta uma terra solta girando no espaço.


No primeiro momento, novas descobertas científicas sempre chocam os conceitos da teologia, mas não deveria ser assim. Afinal, se a ciência é verdadeira, certamente vai se equilibrar com o Espírito das Escrituras.

Cabe ao exegeta ter paciência para novamente se debruçar sobre a Palavra e avaliar a nova descoberta científica. 


As Escrituras nos motivam a avaliar as profecias (1Co 14:29), então, que façamos o mesmo com as novas descobertas da ciência. Que sejam julgadas pela marreta da Palavra de Deus.


Condenação sem escrutínio é sinal de preguiça intelectual e intolerância religiosa. Todavia receber uma informação e não julgar sua veracidade diante da Palavra de Deus, também é uma forma errada de se viver a fé (1Jo 4:1).

Talvez nunca iremos chegar em um consenso ou mesmo na construção da teoria do tudo. O fato esmagador é que nossa mente nunca alcançará a mente de Deus. Todavia a certeza de se não alcançar a plenitude não deve ser motivo para não caminharmos na direção do conhecimento dos mistérios da criação.

O deleite do estudioso é avançar na interpretação teológica e se debruçar sobre as Escrituras filtrando toda ciência do mundo, tendo a Palavra como irrefutável sustentáculo de todo conhecimento e verdade. 


Convém ao estudioso saber que a “água que é demasiadamente pura não tem peixe”. Esse é o trabalho do teólogo: lançar redes em águas profundas e pescar os melhores peixes. Saber que toda a água é suja, mas a Palavra de Deus é filtro!


Ciência e fé não devem se contradizer. Devem se completar!


Que algo fique claro, e nisso todos concordamos: Não sabemos direito como o universo foi criado, mas já temos certeza do porquê o universo veio a existir.

A missão da teologia é se ocupar com o “Quem” e o “Porquê”, e a missão da ciência é se ocupar do “Quando” e o “Como”.


É dessa forma que procuramos reatar o casamento entre a ciência e a fé.

“Pois Dele, por Ele e para Ele são todas as coisas. A Ele seja a glória para sempre! Amém” (Rm 11.36).

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Extraído do livro GENESIS DESVENDADO

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GÊNESIS DESVENDADO: A revelação dos profundos mistérios da criação estudados em consonância com a ciência e a tradição judaica.