domingo, 14 de setembro de 2025

JEREMIAS (“O SENHOR DERRUBA”)




- Para quem foi escrito este livro? Para os judeus do Reino do Sul (Judá).

- Por quem foi escrito (autor)? Jeremias.

- Em qual momento histórico? Desde o tempo dos últimos reis de Judá (Israel já havia sido destruída pelos assírios) até sua queda e exílio babilônico, quando se travava no meio do povo de Deus uma longa batalha entre a adoração idólatra de deuses estrangeiros e a adoração ao Senhor.

- Por que este livro foi escrito? Porque o povo de Deus precisava refletir sobre o significado do seu exílio.

- Para quê este livro foi escrito? Para registrar os castigos de Deus sobre os pecados do seu povo e para despertar nos fiéis à aliança a esperança da restauração final de Judá e do relacionamento privilegiado do povo com seu Deus.


Cesar de Aguiar


teolovida@gmail.com

quinta-feira, 11 de setembro de 2025

LIVRO DE ISAIAS (“O SENHOR É SALVAÇÃO”)



- Para quem foi escrito este livro? Para os judeus dos reinos de Israel e Judá.
- Por quem foi escrito (autor)? Isaías.
- Em qual momento histórico? 20 anos antes da queda de Israel diante dos assírios e 140 anos antes da queda de Judá diante dos babilôni-cos, quando os governantes estavam levando o povo de Deus à ruína moral.
- Por que este livro foi escrito? Porque o povo de Deus havia se tornado como as de-mais nações e perdido a perspectiva de justiça, de amor e de paz (características do reino de Deus), e tentaram estabelecer o seu próprio reino.
- Para quê este livro foi escrito? Para registrar as profecias de como Deus iria castigar com severidade os pecados do seu povo e como iria salvar os poucos que se mantivessem fiéis à aliança.


Cesar de Aguiar


teolovida@gmail.com


domingo, 7 de setembro de 2025

A AVENTURA CONTINUA

 



A aventura de Elizeu e Geazi ainda não finalizou! O mais interessante ainda está por vir!

“Quando o exército sírio avançou sobre eles, Eliseu orou: ‘Senhor, peço-te que os cegues’. E assim foi. Eliseu foi ao encontro deles e lhes disse: ‘- Vieram por caminho errado; não é esta a povoação que vos interessa. Venham comigo e levar-vos-ei ao homem que procuram’. E Elizeu conduziu todo o exército a Samaria! Assim que chegaram, Eliseu orou de novo: ‘- Senhor, abre-lhes os olhos agora para que vejam’. O Senhor assim fez, e os soldados constataram que estavam em Samaria, a capital de Israel! O rei de Israel, ao vê-los, gritou para Eliseu: ‘- Oh, senhor, mato-os? Mato-os?’ Eliseu respondeu: ‘- De maneira nenhuma! Iríamos matar prisioneiros de guerra? Dá-lhes de comer e de beber, e manda-os embora’. O rei preparou-lhes uma grande festa, e depois deixou-os irem ter com o seu rei. Após isso, os comandos sírios suspenderam as investidas sobre a terra de Israel” (2 Rs 6:18-23).

Quando o exército Sírio percebeu que haviam sido descobertos, imediatamente avançaram sobre o povo de Deus. Percebendo a investida do inimigo, novamente Eliseu orou pela intervenção do Senhor. Todavia Eliseu orou diferente!

Com a evolução da situação, a prece de Eliseu se tornou inversa à prece anterior.

Na primeira oração Eliseu rogou que Deus abrisse os olhos de Geazi. Na segunda ele rogou para que Deus cegasse os olhos do exército sírio.

Primeiro Eliseu rogou para que Deus afinasse a espessura do Véu da Realidade para que Geazi pudesse enxergar os demais ocupantes daquele lugar. Na segunda oração Eliseu rogou a Deus que engrossasse o Véu, a ponto dos soldados sírios nada mais verem daquela realidade.

Deus atendeu a oração do seu Profeta.

O Véu da Realidade se tornou tão espresso, que os sírios perderam completamente o raciocínio lógico passando a perceber a manifestação de outra realidade.

Note que se fosse cegueira física eles entrariam em desespero gritando: ‘estamos cegos, estamos cegos’. Mas os soldados não reclamaram disso. Pelo contrário, ficaram gratos e confiantes quando Eliseu se aproximou deles dizendo: “Vieram por caminho errado; não é esta a povoação que vos interessa. Venham comigo e levar-vos-ei ao homem que procuram. Elizeu conduziu todo o exército a Samaria!”.

Aqueles guerreiros foram naquele lugar para matar Eliseu e no imediato momento seguinte passaram a se comportar como se Eliseu e aquele lugar fossem completamente desconhecidos.

O que aconteceu com a inteligência daquela corporação militar?

A única explicação é que sendo transportados para uma realidade paralela, esqueceram-se completamente do que estavam fazendo ali. Na cabeça daqueles soldados, Eliseu tinha deixado de ser seu inimigo e passou a ser seu ajudador.

Será que Eliseu os hipnotizou? Certamente que não!

Os olhos que enxergam o mundo físico são os olhos do corpo físico. Os olhos que enxergam o mundo espiritual são os olhos do corpo espiritual. Os olhos do corpo físico por mais espetaculares que sejam ainda são imensamente inferiores aos olhos do corpo espiritual, afinal, tudo que é físico trata-se de uma cópia imperfeita.

Os olhos do corpo físico podem ser manipulados pela mente. O Véu da Realidade tem espessura proporcional à sua consciência cósmica. Ele se engrossa e se torna delgado em função da sua conexão com o plano espiritual superior.

Para o exército sírio, o tecido mudou de espessura em um rápido espaço de tempo, por duas vezes sequenciadas, sob a demanda de Eliseu. “E Elizeu conduziu todo o exército a Samaria! Assim que chegaram, Eliseu orou de novo: ‘Senhor, abre-lhes os olhos agora para que vejam’. O Senhor assim fez, e os soldados constataram que estavam em Samaria, a capital de Israel!”

Os Olhos de Geazi foram abertos enquanto os olhos do exército foram fechados. Os olhos de Geazi passaram enxergar a realidade enquanto a percepção do inimigo mergulhou em uma fantasia maior ainda.

O que aconteceu a seguir foi uma vitória à moda de Sun Tzu. “A maior vitória pertence àquele que vence sem desembainhar sua espada” (Sun Tzu).


 Cesar de Aguiar


teolovida@gmail.com


 

 

 

 

quinta-feira, 4 de setembro de 2025

LIVRO DE CANTICO DOS CANTICOS

- Para quem foi escrito este livro? Para os israelitas.

- Por quem foi escrito (autor)? Salomão.

- Em qual momento histórico? Durante o reinado de Salomão.

- Por que este livro foi escrito? Porque o povo da aliança precisava ter em mente que Deus preza o amor conjugal lícito e a instituição da fa-mília (este livro se refere ao amor conjugal e revela as três qualidades mais desejáveis do amor entre um homem e uma mulher: autodoação, desejo e compromisso).

- Para quê este livro foi escrito? Para mostrar ao povo da aliança que Deus preza o amor conjugal lícito e a instituição da família; também para refletir o próprio amor de Deus por nós.


 Cesar de Aguiar


teolovida@gmail.com

domingo, 31 de agosto de 2025

LIVRO DE ECLESIASTES (“AQUELE QUE REÚNE A COMUNIDADE DA ALIANÇA” ou “O PREGADOR”):





 - Para quem foi escrito este livro? Para os israelitas.

- Por quem foi escrito (autor)? Salomão.

- Em qual momento histórico? Durante o reinado de Salomão.

- Por que este livro foi escrito? Porque era preciso defender a fé em Deus (e o autor faz isso através de respostas e argumentos negativos). No final, ele chega à conclusão de que a fé em Deus é o único caminho para a realização humana.

- Para quê este livro foi escrito? Para ensinar ao povo da aliança “como as pessoas de-vem viver (6.12) num mundo onde o bom Criador (3.11, 14) e justo Juiz (3.17) soberanamente ordena que coisas ‘más’ sucedam igualmente aos que são re-tos (7.13, 14) bem como aos iníquos e não de acordo com o merecimento pessoal de cada um (8.14; 9.1). O dom do contentamento deve ser exercido não apenas diante da opressão humana (3.22 – 4.3), mas também diante da futilidade e da morte (9.7-10) que Deus im-pôs sobre a raça humana em razão do pecado”.

quinta-feira, 28 de agosto de 2025

O SOCORRO VEM PELA PERCEPÇÃO DA REALIDADE

 





A mente de Geazi não conseguia perceber a salvação, afinal, dentro dele não havia uma fé inabalável.  Quando o vislumbre do exército inimigo se revelou como um panorama de destruição real e imediata, o servo do Profeta correu até Eliseu buscando por socorro.

A sensação de impotência e de medo dominava o rapaz.

Eliseu estava impávido diante da situação.

Com serenidade o profeta respondeu: "Não temas, porque mais são os que estão conosco do que os que estão com eles” (2Rs 6:16).

Tudo que Geazi via era o que estava sendo projetado pelo seu inconsciente no tecido do Véu da Realidade.  Geazi não entendeu nada, pois estava preso ao mundo dos sentidos. Estava acorrentado à esmagadora realidade da física material.

Nada é mais compreensível que a atitude de Geazi, pois diferente de Elizeu, Geazi não era um profeta de verdade.


Um Profeta de verdade vibra em outra frequência, escrevendo música para ouvidos bem treinados e habilmente preparados. Entender o que um Profeta diz não é tarefa para qualquer um.

Eliseu já estava habituado a ver o que ninguém mais estava vendo. Seus olhos espirituais já haviam sido ativados na ocasião da viagem de Elias.

Naquele momento em que Geazi estava claramente descontrolado em seus sentidos, Eliseu, vendo a aflição de seu aprendiz, orou para que Deus abrisse os seus olhos.

Deus atendeu a oração de seu Mensageiro e abriu os olhos de Geazi. O que aquele rapaz viu não foi uma ilusão de ótica criada com a finalidade de acalmá-lo. Também não foi fruto de sua imaginação controlada por um Profeta hipnotizador.

Geazi viu apenas o que já estava lá o tempo todo. Caiu o pano da realidade e o aprendiz passou assistir aquilo que acontece quando os atores não estão representando seus papeis sobre a ilusão do palco.

O mundo espiritual é real (!) e Geazi viveu sua primeira experiência sensorial com ele.

Quando seus olhos se abriram, ele viu além do Véu da Realidade.

Viu que o monte estava cheio de cavalos e carros de fogo.

Essa é a verdadeira realidade: estamos imersos em um universo habitado por imaterialidade. Um mundo espiritual, povoado por anjos, seres espirituais de grande poder e autoridade, com missões específicas sendo executadas no espaço e no tempo do nosso universo. Seres investidos de poder, que trabalham no hiato do equilíbrio entre as forças da luz e das trevas.

Você, como protagonista da própria história, o que vai fazer com esse conhecimento?


 Cesar de Aguiar


teolovida@gmail.com

domingo, 24 de agosto de 2025

LIVRO DE PROVÉRBIOS (“DITADOS” ou “DITOS SÁBIOS”):


- Para quem foi escrito este livro? Para os israelitas.

- Por quem foi escrito (autor)? Diversos autores (Salomão, Agur, Lemuel, etc), sendo que foi Salomão quem liderou a compilação do livro, bem como compôs a maioria dos provérbios.

- Em qual momento histórico? Durante o reinado de Salomão.

- Por que este livro foi escrito? Porque o povo da aliança precisava preservar a sabedoria que adquiriu em seu relacionamento com Deus e sua Lei.

- Para quê este livro foi escrito? Para ensinar que o temor a Deus conduz à sabedoria e a obediência aos Seus princípios é a forma segura de viver; que a vida deve ser vivida para a glória do Criador; e, que há uma ordem moral para toda a criação, e as violações dessa ordem apenas conduzem a conseqüências adversas.


 Cesar de Aguiar


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quinta-feira, 21 de agosto de 2025

UM DIA DE DESESPERO NA VIDA DO APRENDIZ DE PROFETA

 



Naquele dia o aprendiz acordou cedo e foi dar uma conferida na situação. Andou pelas campinas a procura de algum sinal de desgraça, e o que ele encontrou foi realmente aquilo procurava. Foi procurar coisa ruim e encontrou exatamente o que estava procurando. Quem vive a vida com a expectativa de que as coisas vão piorar, geralmente recebem como prêmio de sua expectativa, a piora das coisas.

Napoleão Bonaparte estava com a razão quando dizia: “Quem teme ser vencido tem a certeza da derrota”.

Quando analisamos a vida de Jó, geralmente só conseguimos notar a presença de um homem muito justo e santo que ficou na linha de tiro entre Deus e o Acusador. Mas havia um grande problema com Jó!

Embora fosse abençoado por Deus em tudo o que fazia, aquele Patriarca era consumido pelo medo de perder tudo que tinha. “Porque aquilo que temia me sobreveio; e o que receava me aconteceu” (Jó 3:25).

O medo de perder o levou a perder.

 

NÃO TEMAS

 

A expressão “não temas” é uma das mais comuns e repetidas das Escrituras. Devido às várias versões que temos da Bíblia, a quantidade de “não temas” varia um pouco, mas trata-se de muita repetição!

Parece que a intenção do Espírito Santo é deixar bem frisado que sob o Véu da Realidade não existe nada a se temer.

Na Bíblia de Jerusalém a expressão ‘não temas’ aparece 47 vezes, na Almeida Corrigida Fiel aparece 84 vezes e na João Ferreira de Almeida Atualizada são 92 aparições.

A todo o momento e em diversas situações Deus está dizendo aos seus filhos: “- não temas”.

Fuja do medo!

“Nada a temer, senão o correr da luta. Nada a fazer, senão esquecer o medo” (Milton Nascimento).

O medo cria um mundo de ilusão e como um ímã atrai para a realidade aquilo do que se tem medo.

Jó experimentou isso: o que ele temia lhe sobreveio.


 Cesar de Aguiar


teolovida@gmail.com


domingo, 17 de agosto de 2025

LIVRO DE SALMOS (CANTICOS)



- Para quem foi escrito este livro? Para os israelitas.

- Por quem foi escrito (autor)? Diversos autores (David, Moisés, Salomão, etc).

- Em qual momento histórico? Desde a época de Moisés (90), passam pela experiência de Davi (51) e vão até a época posterior ao exílio dos nos judeus na Babilônia (126).

- Por que este livro foi escrito? Porque o povo da aliança precisa preservar a memória de suas experiências individuais ou coletivas com Deus e sua Palavra.

- Para quê este livro foi escrito? Para diversas finalidades, tais como: Louvor (ex: 8, 24, 29, 33, 47-48); Lamentos (ex: 25, 39, 51, 86, 102, 120); Ações de Graças (ex: 18, 66, 107, 118, 138); Cânticos de Confiança (ex: 23, 121, 131); Salmos Reais (ex: Sl 20-21, 24, 45, 93); Salmos Sapienciais (ex: 1, 37, 49).


Cesar de Aguiar


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quinta-feira, 14 de agosto de 2025

LIVRO DE JÓ



 - Para quem foi escrito este livro? Para os israelitas.

- Por quem foi escrito (autor)? Autor Desconhecido.

- Em qual momento histórico? Indefinido.

- Por que este livro foi escrito? Porque era preciso se opor aos conceitos tradicionais sobre a difícil questão do sofrimento humano em con-fronto com a afirmação que Deus é bom e justo.

- Para quê este livro foi escrito? Para que a raça humana compreenda que Deus é sobe-rano e recompensa aqueles que lhe pertencem, apesar dos tempos de aperto e dor (O leitor aprende que Jó sofreu não porque era um dos piores dentre os homens, mas porque era um dos melhores, e que a sua provação veio a glorificar o seu Deus).


Cesar de Aguiar


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domingo, 10 de agosto de 2025

APRENDIZ QUE SE TORNA PROFETA DEVE ABRIR OS OLHOS DA PRÓXIMA GERAÇÃO


 

“E orou Eliseu, e disse: Senhor, peço-te que lhe abras os olhos, para que veja. E o Senhor abriu os olhos do moço, e viu; e eis que o monte estava cheio de cavalos e carros de fogo, em redor de Eliseu” (2Rs 6:17).

Imediatamente após Elias entrar no ‘carro de fogo’, e viajar no tempo e no espaço para dar continuidade à sua missão, Eliseu assumiu o posto de profeta de Israel preenchendo de forma plenamente satisfatória a lacuna formada pela falta de Elias.

Ao ser elevado de posto, Eliseu passa a ter o seu próprio Aprendiz.

O que rapidamente concluímos é que Elias foi muito bem-sucedido ao escolher seu aluno. Todavia, Eliseu, ao contrário de Elias, e talvez por falta de critérios mais rígidos, escolheu um aprendiz que não chegava nem perto do que ele era, enquanto aluno de Elias.

Elias escolheu bem o seu sucessor; já Eliseu...!

Certamente por achar os métodos de Elias duros demais, Eliseu não quis aplicar a mesma metodologia com Geazi.

Eliseu foi livre para fazer a escolha que fez, todavia foi refém de sua escolha por toda a vida.

Geazi foi um aprendiz bem descrito por Platão, quando esse diz: “Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz”.

O Antigo Testamento narra de forma sublime uma das aventuras do aluno do Grande Profeta e seu mediano aprendiz. Conta-se um episódio em que o profeta Eliseu e Geazi estavam encurralados pelo exército inimigo.

Ben-Hadade, rei da Síria, cercou a cidade de Samaria com todo seu poderio militar.  Naquele tempo a Síria travava guerra contra Israel e o Senhor sempre dava livramento ao seu povo por intermédio da profecia de Eliseu. Deus sempre revelava a Eliseu, previamente, as estratégias de Ben-Hadade (2 Rs 6:9,10).

Conforme relatado, o exército sírio, durante a noite cercou a cidade onde Eliseu e Geazi se encontravam. Ao perceber a situação Geazi entrou em desespero.

Diferente de Eliseu, Geazi era desprovido de coragem. “E o servo do homem de Deus se levantou muito cedo e saiu, e eis que um exército tinha cercado a cidade com cavalos e carros; então o seu servo lhe disse: Ai, meu senhor! Que faremos?” (2 Rs 6:15).


 Cesar de Aguiar


teolovida@gmail.com


retirado do livro CRIAÇÃO DESVENDADA

quinta-feira, 7 de agosto de 2025

LIVRO DE ESTER





 - Para quem foi escrito este livro? Para os israelitas.

- Por quem foi escrito (autor)? Autor Desconhecido.

- Em qual momento histórico? Quando parte do povo de Israel ainda se encontra no exílio persa (o império persa sucedeu o império babilônico).

- Por que este livro foi escrito? Porque os judeus que ainda estava no exílio foram condenados à morte por um decreto real.

- Para quê este livro foi escrito? Para relatar o livramento divino aos judeus fiéis à aliança (e, também, explicar a origem da celebração do Purim).


Cesar de Aguiar


teolovida@gmail.com


retirado do livro CRIAÇÃO DESVENDADA

domingo, 3 de agosto de 2025

PROFETA E VIDENTE


 

Viajando 160 anos para o passado dos tempos de Eliseu, entre 1056 e 1004 A.C. (período de 52 anos) encontramos os dias em que viveu o profeta Samuel. A Bíblia fala desse tempo usando os seguintes termos: “Antigamente em Israel, indo alguém consultar a Deus, dizia assim: Vinde, e vamos ao vidente; porque ao profeta de hoje, antigamente se chamava vidente” (1 Sm 9:9).

Analisando o texto percebemos que o termo ‘Profeta’ é uma evolução do termo Vidente. Ou seja: ser um Vidente é a condição anterior ao posto de Profeta. No original hebraico, identificamos existência de duas palavras usadas para definir a missão desses homens destemidos.

A primeira palavra é ‘Roeh’ que no Antigo Testamento ocorre por 6 vezes. ‘Roeh’ significa ‘vidente, ou visão, ou aquele que vê’.

A segunda palavra é ‘Nabi’ que no Antigo Testamento ocorre por 316 vezes. ‘Nabi’ significa ‘porta-voz, ou alto falante, ou profeta’.

Nos dias de Samuel quando alguém ia consultar a Deus, ia com a seguinte intenção: ‘- Vamos ao ‘Roeh’ (ao vidente). Vamos naquele que pode enxergar nosso destino e nos dizer se nos daremos bem ou mal em nossas vidas. Vamos ao Vidente e busquemos aprovação para nossas pretensões egoístas’.

Com o tempo esse termo evoluiu, e a palavra Roeh parou de ser utilizada. O povo entendeu que um profeta não era apenas aquela pessoa capaz de ver além do Véu da Realidade, e que suas funções excediam muito a mera previsão de futuro. Um profeta era o porta-voz de Deus. Era aquele que comunicava a voz de Deus ao povo e que tinha a função de exortar, consolar e (também) predizer o futuro.

Eliseu provou que estava pronto para ver Além do Véu da Realidade e que possuia a condição preliminar para ser reconhecido como Profeta. Todavia sua jornada estava apenas começando! Eliseu tinha um grande caminho a percorrer, afinal, enxergar Além do Véu da Realidade é apenas o primeiro degrau. O próximo degrau é descobrir o que fazer com esse conhecimento.

A primeira missão de Elizeu era fazer a si mesmo a seguinte pergunta: - E agora? O que eu vou fazer com o conhecimento profético?

Se a obtenção de conhecimento não melhorar a relação do homem com Deus, com ele mesmo, com o próximo e com a natureza, para que serve enxergar além da superfície do Lago das Águas Primordiais?

“Os olhos são a candeia do corpo. Quando os seus olhos forem bons, igualmente todo o seu corpo estará cheio de luz. Mas, quando forem maus, igualmente o seu corpo estará cheio de trevas” (Lc 11:34).

 

Cesar de Aguiar


teolovida@gmail.com


retirado do livro CRIAÇÃO DESVENDADA

quinta-feira, 31 de julho de 2025

OS OLHOS DO PROFETA PODEM VER


 


“Sucedeu que, havendo eles passado, Elias disse a Eliseu: Pede-me o que queres que te faça, antes que seja tomado de ti. E disse Eliseu: Peço-te que haja porção dobrada de teu espírito sobre mim. E disse: Coisa difícil pediste; se me vires quando for tomado de ti, assim se te fará, porém, se não, não se fará. E sucedeu que, indo eles andando e falando, eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho. O que vendo Eliseu, clamou: Meu pai, meu pai, carros de Israel, e seus cavaleiros! E nunca mais o viu; e, pegando as suas vestes, rasgou-as em duas partes” (2 Rs 2:9-12).

Eliseu, aprendiz de profeta, tinha em Elias um Mestre da mais elevada experiência e capacidade. No dia em que Elias foi arrebatado no espaço e no tempo, Eliseu teve seus olhos abertos e pode contemplar o que ninguém mais viu.

Em função dos anos de estudo e diante da iminência de perder a companhia do professor, o aprendiz queria seu prêmio de formatura: “Peço-te que haja porção dobrada de teu espírito sobre mim”, e o Mestre impôs uma condição: “se me vires quando for tomado de ti, assim se te fará, porém, se não, não se fará”.

Eliseu estava diante da possibilidade do sim e do não. Tudo iria depender da sua resposta positiva ao ‘Se’ imposto pelo Profeta. Se os olhos de Eliseu fossem preparados o suficiente para enxergar além do Véu da Realidade, certamente ele iria receber aquilo que desejava o seu coração.

Todo o êxito da carreira de Eliseu dependia exclusivamente do seu sucesso naquele momento. Antes de Elias partir para realizar outra etapa de sua missão nesse planeta, Eliseu viveu o seu teste final. Ele era Aprendiz de Profeta e aquela era a avaliação definitiva.

Será que Eliseu tinha os olhos preparados para ver o mundo real?

“E sucedeu que, indo eles andando e falando...”

Eliseu andava ao lado de Elias e tudo parecia normal. O Aprendiz não tinha percebido nenhuma mudança na paisagem, todavia seus olhos já estavam abertos para verem além do Véu.  Enquanto andavam e conversavam foram surpreendidos por um Objeto Voador Identificado: “... um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho”.

“O que vendo Eliseu...”

O texto Sagrado não deixa dúvidas: os olhos de Eliseu foram abertos e ele viu. Em um instante o Aprendiz foi elevado à função de Profeta.

Perceba que a condição exigida por Elias para que Eliseu fosse seu sucessor, era que Eliseu enxergasse além da realidade dos sentidos físicos.

Ter os olhos abertos é requisito preliminar para ocupar a posição de Profeta de Deus.

domingo, 27 de julho de 2025

CURADO ALÉM DO VÉU DA REALIDADE

 



“Depois disto, tornou a pôr-lhe as mãos sobre os olhos, e o fez olhar para cima: e ele ficou restaurado, e viu a todos claramente”.

Jesus curou o cego tão além da conta que foi necessária uma ‘revisão’ para baixar a capacidade da visão daquele homem. Perceba que ao executar a segunda etapa, Jesus faz o homem olhar para cima, objetivando naturalmente conferir a esse homem a primeira percepção sob o Véu da Realidade.

Na primeira vez, o ex-cego não olhou para cima. Ele olhou na horizontalidade e contemplou os homens tal qual eles são: como árvores. Na segunda vez Jesus orienta que ele olhe para cima, para o céu.

O curado de Betsaida olhou para o Céu e novamente somos remetidos ao Gênesis: “No princípio criou Deus o céu e a terra” (Gn 1:1). O homem olha para o céu e para todo o firmamento que está sob o Lago das Águas Primordiais: “E fez Deus a expansão, e fez separação entre as águas que estavam debaixo da expansão e as águas que estavam sobre a expansão; e assim foi” (Gn 1:7).

Existe água em cima e existe água em baixo, e, mergulhados sob a turbidez das águas, todos nós percebemos a realidade de forma equivocada. Vemos os homens como bonecos de carne e cabelos, com alguns ossos aparentes; enquanto na verdade os homens são um complexo feixe de energia que se organiza sob o formato de ‘arvores que andam’.


Cesar de Aguiar


teolovida@gmail.com


retirado do livro CRIAÇÃO DESVENDADA

quinta-feira, 24 de julho de 2025

PALADAR E TATO

 


“...cuspindo-lhe nos olhos, e impondo-lhe as mãos...”

Para a geração do século 21, cuspir nos olhos pode ser considerado um ritual muito estranho. Todavia para aqueles dias, tratava-se de um costume corriqueiro.

Para entender essa atitude de Jesus é preciso saber que na antiguidade, o uso da saliva no trato social era comum e aquele ato revelaria ao enfermo que Jesus tinha a real intenção de curá-lo.

A saliva da boca e o toque das mãos. Jesus menciona dois sentidos de seu próprio corpo, e o cego certamente entendeu que Jesus iria curar o sentido da sua visão.

No capítulo ‘No Princípio Tudo Era Líquido’ falamos acerca do papel primordial da água, sendo a partir dela que todo o Universo teve origem. Relembrando aquele capítulo, podemos começar entender porquê Jesus usou líquido para trazer a claridade do dia àquele pobre homem.

Um dos principais nomes da filosofia de toda história da humanidade foi o grego Tales de Mileto. Esse filósofo não deixou textos escritos. Tudo o que se sabe sobre seus ensinamentos é baseado na tradição oral e em registros deixados por outros pensadores.

Esse filósofo acreditava que a água era a matéria-prima primordial, básica, responsável pela origem e formação de tudo que existe no Universo. O filósofo dizia: “O Universo é feito de água”, observando que, sem a presença da água, tudo estava fadado a morrer. Para Tales, a água era a fonte mais básica da vida.

Ao cuspir sobre os olhos do cego, Jesus estava convidando seus discípulos a voltarem ao Gênesis para desvendar alguns mistérios que são equivalentes; “assim na terra como no céu”: para o Criador, a construção do universo e a restauração dos olhos de um deficiente é a mesma coisa!

“No princípio criou Deus o céu e a terra. E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas” (Gn 1:1,2). A saliva é composta de 99,1% de água pura. Os demais componentes são substâncias inorgânicas (ânions e cátions) e substâncias orgânicas (mucina, amilase, ureia, lisozima, anidrase carbônica, tiocianato, glicose e algumas poucas outras substâncias).

Saliva é água.

Para o cego de Betsaida “havia trevas sobre a face do abismo”.

Para realização do milagre, o Mestre reconstruiu o cenário da criação. Ao cuspir sobre os olhos daquele homem Jesus reproduziu “a face das águas”.

Naquele momento os olhos inertes do homem de Betsaida era um ambiente equivalente ao do início do universo.

“...e impondo-lhe as mãos...”

As mãos de Jesus sobre os olhos do homem era o equivalente da pessoa do Espírito Santo: “... e o Espírito de Deus pairava sobre a face das águas”.

Os primeiros momentos do Universo foram reproduzidos sobre aqueles olhos doentes: Água e Espírito.

O resultado não poderia ser outro senão o que foi revelado pela confissão do cego, após a indagação de Jesus. “Ele levantou os olhos e disse: Vejo pessoas; elas parecem árvores andando" (Mc 8:24).

Nesse ponto do texto, começa a confusão de interpretações! A grande maioria dos estudiosos afirma que Jesus efetuou a cura do cego em duas etapas. Na primeira investida de Jesus, a cura do homem foi insuficiente, ou melhor, ficou uma cura ‘mais ou menos’, e por não fazer uma cura plena, Jesus transformou aquele cego em um míope.

Parece piada, mas, pra quem não enxergava nada, passar a enxergar vultos, já estava de bom tamanho!

Não acreditamos assim!

Acreditamos que realmente o milagre foi realizado em duas etapas, mas que, não se tratou de uma cura ‘mais ou menos’ na primeira etapa. Pelo contrário! Na primeira etapa aconteceu uma cura ‘mais e mais’.

Acontece que o cego passou a enxergar muito além que qualquer outro ser humano. Passou a ver além do Véu da Realidade, sem a interferência do Inconsciente Coletivo.

Superior à visão de Raio X, aquele homem passou a ver o Universo Quântico.

Enxergava os homens como Árvores; exatamente a forma que os homens têm: a aparência de um corpo formado por 99% de espaço vazio ocupado por um enxame etéreo de átomos em intensa atividade, que brilham piscando em uma velocidade incrível, no formato de Árvore: A Árvore das Sephirots.

São inúmeros os textos das Escrituras onde os homens são retratados como árvores.

Afirmamos que muito além de ser apenas uma metáfora, a forma de árvore é a verdadeira forma humana após o rompimento do véu da realidade. Quando a matéria do corpo físico é transcendida pela composição do corpo espiritual, o que se vê são árvores que andam.

Não é sem propósito que o Evangelho é chamado de boa semente (Mc 4:1-41). Não é sem propósito que o povo de Israel é comparado a árvores: “Assim saberão todas as árvores do campo que eu, o Senhor, abati a árvore alta, elevei a árvore baixa, sequei a árvore verde, e fiz reverdecer a árvore seca; eu, o Senhor, o disse, e o fiz” (Ez 17:24); o homem bem-aventurado “será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto no seu tempo; as suas folhas não cairão, e tudo quanto fizer prosperará” (Sl 1:3).

Em outro momento dos Evangelhos, Jesus protagonizou um evento que nos leva a meditar sobre o formato espiritual do homem. No evento da maldição da figueira, Jesus condenou aquela árvore a se secar, perdendo definitivamente sua vida no mundo físico. Jesus fez isso motivado pela decepção que teve ao procurar frutos nela e não encontrar.  Afinal, em um lugar onde a figueira era a árvore mais comum, e onde o clima favorecia plenamente o seu desenvolvimento, porquê aquela figueira não dava devidamente o seu fruto?

Logo em seguida Jesus entra no Templo e expulsa os vendilhões que faziam comércio se valendo da fé do povo.

Tudo sincronizado: momentos antes de amaldiçoar os mercenários da fé, Jesus amaldiçoou uma árvore infrutífera. Árvore do mundo (figueira) sob o Véu sendo amaldiçoada e árvore do mundo (comerciantes) além do Véu sendo amaldiçoada (Mc 11:14,15). Uma árvore do mundo fisico sendo amaldiçoada é a metáfora para a maldição imposta às arvores do mundo espiritual.

Cesar de Aguiar


teolovida@gmail.com


retirado do livro CRIAÇÃO DESVENDADA

domingo, 20 de julho de 2025

MISTÉRIOS REVELADOS

 


Jesus retirou o cego do meio da multidão e usou o milagre da cura para revelar a seus discípulos um mistério antigo, conhecido apenas pelos Rabinos mais preparados: os mistérios da Kaballah e da Árvore das Sephirots.

Esse conhecimento sempre foi transmitido via tradição oral, de Mestre para discípulo, disfarçados em diversas formas de rituais e simbologias. As escolas Rabínicas sempre seguiram o exemplo das escolas Herméticas, que por serem muito fechadas, aceitavam somente alunos com o perfil duramente testado e aprovado.

A expressão: 'hermeticamente fechada', tem suas origens no modo Hermetista de se transferir conhecimento.

Nos dias de Hermes Trimegisto, tal como nos dias de Jesus, todos entendiam que um mestre deveria passar a profundidade do conhecimento apenas para pessoas com muita base moral e com muito caráter. Aqueles sábios entendiam que a popularização do conhecimento banalizaria a sabedoria. “Não deis aos cães as coisas santas, nem lançai aos porcos as vossas pérolas, não aconteça que as pisem com os pés e, voltando-se, vos despedacem” (Mt 7:6).

O Século 21 é o tempo do mundo conectado, onde encontrar o conhecimento é uma tarefa fácil. Qualquer pessoa pode ter acesso rápido e de forma simples a todo tipo de informação. Estamos no tempo profetizado por Daniel: “E tu, Daniel, encerra estas palavras e sela este livro, até ao fim do tempo; muitos correrão de uma parte para outra, e o conhecimento se multiplicará” (Dn 12:4). A profecia diz claramente que no final dos tempos a luta dos sábios pela proteção do conhecimento seria vencida, e naturalmente por causa disso, a banalização dos segredos mais protegidos da humanidade levaria a humanidade ao caos.

Os homens se auto destruiriam por não saberem como utilizar de forma racional o conhecimento.

Os antigos lutaram para proteger o conhecimento, para que a sabedoria não caísse em mãos erradas. Difundir o conhecimento é fácil; difícil é conferir caráter ao ser humano.

As escolas herméticas e as escolas rabínicas tinham critérios rígidos para aceitarem seus alunos. O vestibular daquele tempo não verificava apenas o conhecimento teórico do aluno; o principal quesito analisado era a profundidade moral do discípulo.

Nos dias atuais as escolas aceitam qualquer psicopata como aluno, desde que ele passe no vestibular, ou pior ainda, desde que possa pagar pelo conhecimento.

Essa horizontalização do conhecimento torna a humanidade um perigo para si mesma.  

Deve se ter cuidado com a informação, enquanto o homem não tem formação. Um homem mau formado não pode nunca ser bem informado.

“É preferível a ignorância absoluta que o conhecimento em mãos erradas” (Platão).

Pense na construção da bomba atômica e na desgraça que é um conhecimento fantástico como esse nas mãos de homens preocupados apenas com jogos de poder. Lamentavelmente a humanidade não estava preparada para um conhecimento tão evoluído. Afinal, a despeito de usufruirmos dos benefícios da energia atômica, sempre haverá Hiroshima e Nagasaki para mostrar que a vaidade do homem o desabilita a ter essa ciência.

As máquinas evoluíram, todavia os homens que as conduzem permanecem os mesmos homens.

O carro de Fórmula 1 é certamente a evolução da carroça. Mas em que o piloto de um Fórmula 1 evoluiu a mais que o homem condutor de carroça?

O conhecimento evoluiu? Certamente que sim! Mas será que o homem evoluiu na mesma medida que as máquinas evoluíram? Certamente que não!

Qual é a verdadeira função de se buscar o conhecimento?

O conhecimento só é útil quando serve como um meio de nos tornar pessoas melhores. Se não for assim, o conhecimento mal utilizado será apenas uma ferramenta útil para validar a vaidade e a maldade do homem.

As máquinas que aparelham o conhecimento do homem serão obedientes a eles, e realizarão apenas aquilo que o homem tem no seu coração. Se o coração do homem for mal, as máquinas que o aparelham serão desenvolvidas unicamente com o intuito de praticar suas maldades.

Para não popularizar aquele conhecimento tão profundo, Jesus tomou o cego pelas mãos e o levou para fora da aldeia.

O Mestre queria proteger a revelação que estava prestes a apresentar a seus discípulos.


Cesar de Aguiar


teolovida@gmail.com


retirado do livro CRIAÇÃO DESVENDADA

quinta-feira, 17 de julho de 2025

O CEGO DE BETSAIDA



“E chegou a Betsaida; e trouxeram-lhe um cego, e rogaram-lhe que o tocasse. E, tomando o cego pela mão, levou-o para fora da aldeia; e, cuspindo-lhe nos olhos, e impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe se via alguma coisa. E, levantando ele os olhos, disse: Vejo os homens; pois os vejo como árvores que andam. Depois disto, tornou a por-lhe as mãos sobre os olhos, e o fez olhar para cima: e ele ficou restaurado, e viu a todos claramente. E mandou-o para sua casa, dizendo: Nem entres na aldeia, nem o digas a ninguém na aldeia” (Marcos 8:22-26).

Para esse segregado de Betsaida se cumpriu na íntegra o que foi dito pelo profeta: “O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz; sobre os que viviam na terra da sombra da morte raiou uma luz” (Mt 4:16).

A cura da cegueira é sempre um evento carregado de significado místico. Trazer a percepção da luz a um cego é um milagre que sempre está ligado a revelações de verdades muito profundas, que excedem a abordagem do plano físico apenas.

Para realizar o milagre em Betsaida, Jesus tem todo um protocolo que diferencia esse milagre dos demais. Tudo começou com Jesus retirando o cego da região central daquela aldeia. Afinal, o mistério que iria ser revelado não era para ser percebido por multidões, mas sim por um seleto grupo de iniciados no conhecimento dos mistérios.

"Os lábios da sabedoria estão fechados, exceto aos ouvidos do Entendimento" (Hermes Trimegisto).

Durante os milênios que antecederam os dias de Jesus, os Mestres se apoiavam nessa máxima do Hermetismo para disseminar suas revelações. O conhecimento deveria ser protegido, para que não caísse em mãos erradas.

Todas as vezes que a humanidade reuniu suas informações em livros e compêndios significava que naquele momento histórico havia uma perda significativa de interesse por parte dos discípulos.

Por falta de discípulos com os ouvidos sedentos, os Mestres ‘profanavam’ o mistério e reunia a revelação em pergaminhos.

Na tradição oral o ensinamento não era banalizado e as revelações eram passadas de boca a ouvido, em um sistema hermeticamente fechado.

Os Mestres evitavam reunir mistérios antigos escrevendo-os em livros e compêndios. Esses mistérios sempre foram protegidos daqueles que o buscavam somente com o propósito de se beneficiarem egoisticamente. Para a proteção desses mistérios sempre existiram almas fiéis que guardaram os segredos, defendendo-os com a própria vida, se preciso fosse.

Finalmente quando os mistérios foram escritos, seu significado foi protegido por inúmeros véus, de modo que somente os ‘escolhidos’ pudessem entendê-lo com profundidade.

Basta ler superficialmente os livros do Antigo Testamento para perceber que nas entrelinhas do texto existem mais informações do que no texto propriamente dito.

Na medida em que um texto reunia uma grande soma de mistérios, maior quantidade de véus eram lançados sobre o significado; perceba isso lendo os escritos de Ezequiel e Daniel.

Os profetas anunciavam eventos e mistérios que somente seriam descortinados para os ouvidos preparados e dignos de sabê-los. Não somente os escritores do Antigo Testamento, mas também os do Novo, trilharam pela mesma senda, e o Apocalipse de João é um exemplo perfeito da forma como os escritores de mistérios escondiam a verdade daqueles que não eram convidados a conhecê-la.

Jesus, a exemplo dos antigos mestres trilhou o mesmo caminho e reteve a revelação, entregando-a apenas aos ouvidos de seus discípulos. “Então os discípulos chegaram perto de Jesus e perguntaram: - Por que é que o senhor usa parábolas para falar com essas pessoas? Jesus respondeu: - A vocês Deus mostra os segredos do Reino do Ceu, mas, a elas, não.  Pois quem tem receberá mais, para que tenha mais ainda. Mas quem não tem, até o pouco que tem lhe será tirado.  É por isso que eu uso parábolas para falar com essas pessoas. Porque elas olham e não enxergam; escutam e não ouvem, nem entendem.  E assim acontece com essas pessoas o que disse o profeta Isaías: ‘Vocês ouvirão, mas não entenderão; olharão, mas não enxergarão nada.   Pois a mente deste povo está fechada:  Eles taparam os ouvidos e fecharam os olhos.  Se eles não tivessem feito isso, os seus olhos poderiam ver, e os seus ouvidos poderiam ouvir; a sua mente poderia entender, e eles voltariam para mim, e eu os curaria! — disse Deus.’  Jesus continuou dizendo:  — Mas vocês, como são felizes! Pois os seus olhos veem, e os seus ouvidos ouvem.  Eu afirmo a vocês que isto é verdade: muitos profetas e muitas outras pessoas do povo de Deus gostariam de ver o que vocês estão vendo, mas não puderam; e gostariam de ouvir o que vocês estão ouvindo, mas não ouviram” (Mt 13:10-17).

Os mistérios guardados por séculos poderão ser revelados hoje, mas ainda sob a mesma condição: os ouvidos do estudante devem estar sedentos para ouvir, a boca deve estar preparada para se calar, os pés devem estar prontos para caminhar, as mãos devem estar educadas para doar, o coração deve estar vazio para receber e a mente deve ter disposição para atingir a transcendência. Se assim for, os lábios da sabedoria virão.


Cesar de Aguiar


teolovida@gmail.com


retirado do livro CRIAÇÃO DESVENDADA

O MUNDO JAZ NO MALIGNO

 



“Sabemos que somos de Deus, e que o mundo todo jaz sob o Maligno. Sabemos que o Filho de Deus veio e nos deu entendimento para conhecermos o Verdadeiro. E estamos no Verdadeiro, nós que estamos em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna” (1 Jo 5:19,20).

A resposta fica cada vez mais clara!

O mundo sob o Lago é dominado por alguém que tem nome e história. Podemos estudá-lo, vencê-lo e enterra-lo sob seu reinado finito. “Para nós, não há luta contra a carne e o sangue, mas contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.” (Efésios 6:12)

A palavra ‘Jaz’ trata-se de uma palavra da língua portuguesa que serve para definir de forma muito clara aquilo que esboçamos acerca do domínio do Véu da Realidade.

No português, ‘JAZ’ é uma palavra que está na terceira pessoa do singular do presente do indicativo do verbo jazer e tem origem no latim: ‘jaceo + ere’, que faz referência a “estar estendido” ou mesmo “estar na cama doente”. O verbo ‘jazer’ também significa: “estar morto” ou “sepultado”. A palavra se relaciona com o ato de estar ‘situado em’, no sentido de ficar ou permanecer. É uma palavra que pode ainda representar algo que está fundado ou apoiado em outra coisa.

O significado dessa palavra tem muita proximidade com a morte.

Nas lápides dos cemitérios, a inscrição: “aqui jaz”, é muito comum e até mesmo adequada.

“Sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro jaz no maligno”. “Nos quais o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos” (2Co 4. 4).

A expressão: “jaz no maligno” indica que o mundo está sob o domínio do Mal, e dado como morto.

O mundo nada mais pode fazer, senão, como um defunto, aceitar o domínio do monstro invisível.  

Mas será que não há esperança?

É nesse contexto de morte, sob a lápide do Véu da Realidade, que Jesus expressa sua mensagem. Uma boa nova que pode mudar todas as coisas: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; E todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá” (Jo 11:25,26).

A história de Lázaro nos empresta uma metáfora perfeita para percebermos que rasgando o Véu (remover a pedra), a luz Divina pode invadir a escuridão e destruir as sombras.

Todavia, perceber que existe um mundo perfeito além do Véu, não é o suficiente para se viver a vida de verdade.

Muitas pessoas percebem esse domínio invisível. Muitos estão conscientes e convencidos de que uma força sobre-humana existe e conduz a marcha da história. Conscientes do domínio, tais pessoas passam acreditar em toda espécie de teoria da conspiração. Alguns dizem que o governo invisível é desempenhado por sociedades secretas, outros creem que se trata de ignorância e que o caminho da profundidade filosófica é a solução. Todavia não existe eficácia nesse conhecimento, senão arrogância de poder afirmar: ‘- agora eu sei’!

O que fazer com esse conhecimento? Como romper com o Zeitgeist?

Conhecer os fatos sobre o domínio do Reino das Trevas não é suficiente para se libertar dele. Quem está convencido da existência do mundo que ‘jaz sob o maligno’, apenas vive uma vida mais triste que aqueles que não sabem de nada. Nas palavras de Salomão: “Porque na muita sabedoria há muito enfado; e o que aumenta em conhecimento, aumenta em dor” (Ec 1:18).

O Véu é dinâmico e seus dominadores gargalham dos que julgam saber demais. O Véu muda de aparência e os pobres pseudo-sábios continuam vivendo sob uma outra manifestação do Véu: aquela em que o Véu continua sendo Véu enquanto cria a ilusão de que não está mais ali. Algo que nas histórias em quadrinhos é chamado de Manto da Invisibilidade. Parece que não tem nada ali, e nem mesmo o manto é visto, mas tudo se trata apenas de uma ilusão causada por um artefato com poder de esconder a realidade sob outra camada.

Voltando à história de Lázaro podemos perceber que o ato definitivo no processo de ressuscitar, não estava no ato remover a pedra ou na invasão da luz no interior do mausoléu. 

Lázaro ressuscitou porque ouviu a voz que o chamava do mundo dos mortos; “portanto, como diz o Espírito Santo: Se ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais os vossos corações” (Hb 3:7,8).

O ato definitivo para a ressurreição não é apenas uma evolução de consciência.

A salvação se processa no ato de ouvir e atender aquela voz que fala diretamente ao cerne da existência.

Jesus é o único que tem o poder sobre o mundo dos que jazem sob o Maligno. “- Lázaro, sai para fora. E o defunto saiu, tendo as mãos e os pés ligados com faixas, e o seu rosto envolto em um lenço. Disse-lhes Jesus: Desligai-o, e deixai-o ir” (Jo 11:43,44). “Pois Deus, que disse: ‘Das trevas resplandeça a luz’, ele mesmo brilhou em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo” (2 Co 4:6).


Cesar de Aguiar


teolovida@gmail.com


retirado do livro CRIAÇÃO DESVENDADA