O Véu da Realidade é a forma como enxergamos o mundo e de forma pessoal,
cada ser humano tem sua própria abordagem do Véu.
O Véu de Maya tem uma espessura diferente para momentos diferentes da
vida, e o Véu nunca se manifesta da mesma forma e com a mesma espessura para os
mesmos momentos e da mesma forma para todos os seres humanos.
Mas como definir a espessura do Véu?
Fica simples quando entendemos que a evolução espiritual desgasta o
tecido do Véu até o seu completo rompimento.
O tecido do Véu da Realidade tem a sua espessura proporcional ao amor
que uma pessoa tem para com o mundo. “Pois
onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração” (Mt 6:21).
Na medida em que o homem ama o mundo, essa é a medida da espessura do
Véu da Realidade. Na medida em que o homem se afasta do mundanismo, essa é a
medida da espessura do véu da realidade.
“Não ameis o mundo, nem o que no
mundo há” (1Jo 2:15). Perceba
que pessoas avarentas, amantes do dinheiro, amantes da fama, das vaidades e dos
prazeres da vida; pessoas ligadas demais ao trabalho, às guerrinhas pessoais e
corporativas; perceba que essas pessoas tem a tendência de não darem importância
para a evolução da vida espiritual. Mesmo que digam o contrário, suas ações
provam o que na verdade elas são. “Pelos
seus frutos os conhecereis” (Mt 7:20).
Infelizmente, pessoas assim não enxergam sentido na transcendência; não
conseguem se interessar pela vida orientada pela revelação dos mistérios do
Criador.
Tratar a transcendência como algo sem sentido é um claro sintoma de que essas
pessoas estão se comportando de forma avessa ao comportamento de Abraão.
O Pai da Fé, embora sendo um homem muito rico, não quis construir nada
no mundo que o fizesse se enraizar. Optou por ser uma árvore de raiz rasa. Não
quis aprofundar raízes emocionais nesse mundo, pois esperava pela manifestação
do mundo real (Hb 11:8-10).
Na medida em que o homem se desapega da materialidade e dos prazeres
efêmeros, naturalmente o Véu da Realidade vai perdendo espessura, ficando cada
vez mais fino, até que a pessoa consiga perceber a que movimenta as sombras do
outro lado, e por fim veja a realidade como um todo.
Debaixo do Véu, em função da variação de sua espessura, tudo caminha
para escuridão.
Equivalente à metáfora do mergulhador sob as águas do Lago das Águas
Primordiais, na medida em que se afasta da superfície do lago, o mergulhador,
envolvido pela turbidez das águas, vai sendo engolido pela completa escuridão.
Assim também se dá com a espessura do véu e com o estabelecimento das
trevas, sob a sombra da irrealidade.
“Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes,
que não muda como sombras inconstantes” (Tg 1:17).
Existem conclusões que podem parecer óbvias mas não são.
Por mais que todos (ou se não todos, com certeza a maioria) concordem
que devemos desacelerar e procurar viver uma vida mais simples e que se deve
vencer a usura fazendo caridade ao próximo. Por mais que esses bons pensamentos
nos pareçam óbvios, não é assim que a maioria dos humanos vivem suas vidas.
A ‘roda viva’ parece ser movida apenas por impulsos materiais, e assim o
sentido da existência perde a sua essência, seu mais primitivo sentido superior.
O que deveria ser uma jornada de aprendizado, de metamorfose interior,
passa a ser um rolo compressor alimentado pelo combustível da cobiça, do
egoísmo e do hedonismo.
Viajando em direção ao fundo do Lago das Águas Primordiais o homem é
envolvido pelas densas trevas. Perdendo a percepção do sentido da vida
extraordinária que o Criador desenhou para ele, esse homem, através de suas
escolhas, torna cada vez mais espesso o Véu da Realidade.
Sob o grosso Véu, as noções ancestrais sobre a vida e a morte são
explodidas, e nada mais resta além de um imenso vazio existencial. Um lugar
dentro do peito que parece ter sido habitado por vozes de outra estação. Um
vazio que parece ter sido habitado um dia, mas que agora é um mundo abandonado.
Esse vazio existencial é um espaço maior que o Universo, criado por
Deus, para ser morada para Si.
Pessoas muito arraigadas ao materialismo, podem até ter um conhecimento
inteligente e profundo acerca de Deus e seus atributos, todavia o apego às
paixões desse mundo impedem que esse conhecimento teórico atue no sentido de se
aplicar o caratér de Deus à maneira de viver.
Para pessoas assim, Deus existe apenas como uma teoria que não se aplica
à vida.
Infelizmente, pessoas que conhecem um conceito correto de Deus e não
aplicam as Escrituras à vida pessoal, estão fadadas a cometerem o pior dos
erros, o de tornar Deus como parte da matéria invisível que engrossa a
espessura do Véu da Realidade.
Deus como teoria é reduzido a tecido do Véu.
Deus como vida prática rasga o Véu e mostra Sua verdadeira face.
Cesar de Aguiar
teolovida@gmail.com
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