domingo, 27 de abril de 2025

O MITO DA CAVERNA

 


 

A Parábola da Caverna pode ser lida na obra de Platão intitulada A República (Livro VII).  Essa parábola pretende ilustrar um caminho para a libertação da consciência humana da escuridão que a aprisiona e nada é mais atual que esse texto milenar!

Platão nos conta que havia um grupo de pessoas vivendo em uma imensa caverna. Todos eles nasceram e cresceram ali. Tendo seus braços, pernas e pescoços aferrolhados por correntes, ficavam totalmente imobilizados e por isso olhavam unicamente para a parede ao fundo da caverna, sem poder ver uns aos outros ou a si próprios.

Às costas dos prisioneiros havia uma fogueira, apartada deles por uma parede baixa. Na retaguarda dos prisioneiros e à frente da fogueira passavam pessoas carregando objetos que representavam "homens e outras coisas viventes".

Por detrás da parede, o desfile acontecia de forma que os corpos dos caminhantes não projetavam sombras. As sombras projetadas eram apenas dos objetos carregados por eles. Dessa forma, tudo que os prisioneiros viam eram as sombras dos objetos que os caminhantes carregavam.

Na parede eram projetadas as sombras de cavalos, cães, gatos, toda sorte de animais e seres humanos vestidos com todo tipo de roupa. Além das imagens, no interior da caverna ecoavam sons que vinham de fora.

Os prisioneiros, ‘com razão’, associavam os sons às sombras. Pensavam que os sons eram as falas das sombras projetadas.

Para aqueles encarcerados, aquelas sombras era a realidade.

Porém, certo dia, um dos presos se libertou e saiu para o mundo exterior.

O primeiro contato com a luz incomodou o ex-encarcerado. Sua surpresa ao ver uma imensa diversidade de formas e cores deixou aquele egresso imensamente assustado, fazendo-o desejar voltar para a caverna. Todavia ele permaneceu do lado de fora por um tempo, se admirando com as descobertas que estava fazendo.

Maravilhado com tudo aquilo, o ex-prisioneiro se lembrou de seus companheiros de caverna e para lá voltou com o intuito de compartilhar com eles a novidade do mundo exterior. Como era de se esperar, os encarcerados não acreditaram em nada daquilo que lhes foi contado. Chamaram o mensageiro de louco, e para evitar que suas ideias ‘deturpassem’ outras pessoas, os prisioneiros assassinaram o libertador.

Certos de que aquilo que enxergavam era a única realidade que havia, os prisioneiros optaram ‘racionalmente’ por viverem em condição de ignorância, ‘confortavelmente’ imobilizados pelo senso comum. 

Para os prisioneiros, ‘o verdadeiro mundo real’, era apenas aquilo que conheciam baseados na percepção dos sentidos.

O Mito da Caverna serve de base para explicar o conceito do senso comum em oposição ao senso crítico.

Para Platão, o mundo sensível é aquele que pode ser experimentado a partir dos sentidos físicos: tato, olfato, audição, paladar e visão, onde residia a falsa percepção da realidade.

Para o filósofo, os seres humanos deveriam se libertar dos grilhões da falsa percepção sensorial para alcançar o mundo inteligível. Esse mundo era atingido apenas através das ideias, ou seja, da evolução da consciência racional.

A verdadeira realidade só seria atingida quando o indivíduo passasse a perceber as coisas ao seu redor a partir do pensamento racional e crítico.

“Uma vida não questionada não merece ser vivida” (Platão).


Cesar de Aguiar 

teolovida@gmail.com

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