A Parábola da Caverna pode ser lida na obra de Platão intitulada A
República (Livro VII). Essa parábola
pretende ilustrar um caminho para a libertação da consciência humana da
escuridão que a aprisiona e nada é mais atual que esse texto milenar!
Platão nos conta que havia um grupo de pessoas vivendo em uma imensa
caverna. Todos eles nasceram e cresceram ali. Tendo seus braços, pernas e
pescoços aferrolhados por correntes, ficavam totalmente imobilizados e por isso
olhavam unicamente para a parede ao fundo da caverna, sem poder ver uns aos
outros ou a si próprios.
Às costas dos prisioneiros havia uma fogueira, apartada deles por uma
parede baixa. Na retaguarda dos prisioneiros e à frente da fogueira passavam
pessoas carregando objetos que representavam "homens e outras coisas
viventes".
Por detrás da parede, o desfile acontecia de forma que os corpos dos
caminhantes não projetavam sombras. As sombras projetadas eram apenas dos
objetos carregados por eles. Dessa forma, tudo que os prisioneiros viam eram as
sombras dos objetos que os caminhantes carregavam.
Na parede eram projetadas as sombras de cavalos, cães, gatos, toda sorte
de animais e seres humanos vestidos com todo tipo de roupa. Além das imagens,
no interior da caverna ecoavam sons que vinham de fora.
Os prisioneiros, ‘com razão’, associavam os sons às sombras. Pensavam
que os sons eram as falas das sombras projetadas.
Para aqueles encarcerados, aquelas sombras era a realidade.
Porém, certo dia, um dos presos se libertou e saiu para o mundo
exterior.
O primeiro contato com a luz incomodou o ex-encarcerado. Sua surpresa ao
ver uma imensa diversidade de formas e cores deixou aquele egresso imensamente
assustado, fazendo-o desejar voltar para a caverna. Todavia ele permaneceu do
lado de fora por um tempo, se admirando com as descobertas que estava fazendo.
Maravilhado com tudo aquilo, o ex-prisioneiro se lembrou de seus
companheiros de caverna e para lá voltou com o intuito de compartilhar com eles
a novidade do mundo exterior. Como era de se esperar, os encarcerados não
acreditaram em nada daquilo que lhes foi contado. Chamaram o mensageiro de
louco, e para evitar que suas ideias ‘deturpassem’ outras pessoas, os
prisioneiros assassinaram o libertador.
Certos de que aquilo que enxergavam era a única realidade que havia, os
prisioneiros optaram ‘racionalmente’ por viverem em condição de ignorância,
‘confortavelmente’ imobilizados pelo senso comum.
Para os prisioneiros, ‘o verdadeiro mundo real’, era apenas aquilo que
conheciam baseados na percepção dos sentidos.
O Mito da Caverna serve de base para explicar o conceito do senso comum
em oposição ao senso crítico.
Para Platão, o mundo sensível é aquele que pode ser experimentado a
partir dos sentidos físicos: tato, olfato, audição, paladar e visão, onde
residia a falsa percepção da realidade.
Para o filósofo, os seres humanos deveriam se libertar dos grilhões da
falsa percepção sensorial para alcançar o mundo inteligível. Esse mundo era
atingido apenas através das ideias, ou seja, da evolução da consciência
racional.
A verdadeira realidade só seria atingida quando o indivíduo passasse a
perceber as coisas ao seu redor a partir do pensamento racional e crítico.
“Uma vida não questionada não merece
ser vivida” (Platão).
Cesar de Aguiar
teolovida@gmail.com
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