segunda-feira, 13 de julho de 2015

O FARISEU E O PUBLICANO


Lucas 18:9-14

9 E disse também esta parábola a uns que confiavam em si mesmos, crendo que eram justos, e desprezavam os outros:

10 Dois homens subiram ao templo, para orar; um, fariseu, e o outro, publicano.

11 O fariseu, postou-se de pé, sozinho, orando assim: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano.

12 Jejuo duas vezes na semana, e dou os dízimos de tudo quanto possuo.

13 O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!

14 Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado.

15 E traziam-lhe também meninos, para que ele lhes tocasse; e os discípulos, vendo isto, repreendiam-nos.

16 Mas Jesus, chamando-os para si, disse: Deixai vir a mim os meninos, e não os impeçais, porque dos tais é o reino de Deus.

17 Em verdade vos digo que, qualquer que não receber o reino de Deus como menino, não entrará nele.

INTRODUÇÃO

Todas as religiões funcionam pelo mesmo princípio: Eu obedeço, por isso Deus me aceita.
O Evangelho funciona por outro princípio: Eu sou aceito por Cristo, por isso eu obedeço.

Pergunte às pessoas o que elas devem fazer para ir para o céu e a maioria vai responder: SER BOM!
Mas as histórias que Jesus contava contradiz essa conclusão.

Ser bonzinho não é o pré requisito básico que me leva para o céu. Para ser salvo, temos que gritar por SOCORRO!

Culturalmente somos educados para obedecer a leis. Obedecemos até aquilo com o qual não concordamos. Obedecemos por medo das conseqüências.
Pagamos impostos porque temos medo da justiça. E mesmo sabendo que existe corrupção que solapam os cofres públicos, continuamos a pagar calados, pois tememos as conseqüências legais.

Na igreja não é diferente!

Pagamos o dízimo porque Malaquias 3.10 manda pagar.
É muito mais uma obediência silenciosa do que um ato de amor.
Pagamos porque tememos o “devorador” – e isso é medo de ter prejuízo!
Pagamos porque queremos ver as janelas do céu aberta sobre nós -  e isso é vontade de se dar bem!

Dessa forma, e de muitas outras, nos esforçamos diariamente para que nossa conduta seja modificada através do nosso esforço pessoal. Realmente isso é possível.
Os fariseus conseguiram isso! Tinham uma conduta perfeita diante da sociedade.
Eles colocaram princípios éticos em ação e moldaram suas condutas diante dos olhos dos homens.
Auto afirmação e esforço pessoal é capaz de mudar a aparência da nossa vida, mas somente o Evangelho tem poder para mudar o nosso coração.

Eu tenho um conhecido que é membro atuante da maçonaria, faz parte da UDV e tem fortes tendências islâmicas. Ele nunca se simpatizou com a pregação do Evangelho. Não crê em Jesus!
Todavia, em alguns negócios ele demonstra ter muito mais ética do que eu. Possui princípios morais muito mais rígidos que os meus.
Em alguns momentos eu percebo que ele é até um pai melhor do que eu sou.
Enquanto eu confesso Jesus, esse meu amigo nega veementemente o senhorio de Cristo.
Essa parábola nos mostra dois caminhos para Deus: o caminho do publicano que toma a via do arrependimento e o caminho do fariseu que toma a via da auto justiça.

O fariseu e o publicano mora dentro de cada um de nós.
Fariseu e publicano estão perdidos por causa de seus pecados, mas somente um deles sabe disso!
O fariseu está perdido por causa de suas abomináveis boas obras. Está perdido porque sua conduta moral é maior que a graça de Deus.
Está perdido e nem sabe disso. Por isso todos os fariseus ficam muito bravos quando Jesus os chamam ao arrependimento. Afinal, pensavam: “me arrepender do que?”


1-    A PLATÉIA DA PARÁBOLA

9 E disse também esta parábola a uns que confiavam em si mesmos, crendo que eram justos, e desprezavam os outros:

a-    Dois sintomas de uma oração pode não será respondida por Deus.

·         CONFIAVAM EM SI MESMOS E EM SUA PRÓPRIA JUSTIÇA.

Justiça própria é aquela que se baseia num esquema de comportamento irrepreensível e uma reputação ilibada diante da sociedade.

Nos anos 80, os jornais dos EUA contaram uma história chocante. Tratava-se de alguns pastores de proeminentes igrejas evangélicas que se reuniram e formaram uma gang de roubo de bancos.
Pregavam sermões apaixonados aos domingos e exigiam dos fiéis uma vida reta diante da sociedade. Traziam os filhos em rédeas curtas e viviam em suas comunidades religiosas como paladinos da moralidade.
Mas na segunda feira eles vestiam mascara de palhaço e assaltavam bancos.

Eram pessoas com muita justiça própria, pois achavam que suas vidas retas criavam uma conta bancária celestial, onde seus acertos morais eram depositados como crédito e seus pecados eram saques. Uma espécie de debito e credito.
Se tivessem mais créditos do que débitos, certamente tudo estava justificado diante de Deus.

Vemos pessoas assim todo dia!
Gente de aparência muito tradicional e certinha, mas que mantêm uma válvula de escape. Uma vida secreta onde ele vive todo tipo de promiscuidade.
Ao investigar os crimes sexuais de internet, a polícia geralmente prende geralmente pessoas religiosas. Ninguem acredita que aquele pastor tão dedicado, ou aquele padre tão piedoso estava envolvido com tanta porcaria moral.

A esperança baseada na auto justiça é um caminho muito perigoso. Esse caminho leva a pessoa a se esquivar de Jesus como Salvador quando essa pessoa passa observar e obedecer todas as leis morais. Para essa pessoa, Jesus pode ser o Exemplo, o Guru e até mesmo o Mestre. Mas Jesus nunca poderá ser o Salvador dessa pessoa, porque o Salvador dessa pessoa é ela mesma!

Se você pensa que ao obedecer todos os 10 mandamentos, Deus tem o compromisso legal de abençoar, porque você deu duro para ser um bom fariseu, talvez Jesus possa te abençoar sendo sua inspiração. Mas Ele não poderá ser seu salvador, pois esse posto você já está ocupando.

Todo fariseu tem muito do publicano dentro de si. E todo publicano possui dentro do seu interior uma vontade imensa de se tornar um fariseu.


Nessa parábola Jesus redefine o que é o pecado!
Todos definem pecado como uma violação da lista de regras que compõe os 613 mandamentos da Torá. E isso está certo!
Ma Jesus vai mais profundo nessa definição e diz que alguém como aquele fariseu que nunca violou nenhum desses mandamentos e que tem uma reputação ilibada tanto na igreja quanto na sociedade pode estar tão perdido quanto o mais devasso e imoral de todos os homens.
Porque Jesus diz isso?
Porque na definição de Jesus, pecado é mais do que quebrar regras. Pecado é tomar de Deus a sua posição de Salvador. É querer ser juiz, senhor e salvador de si mesmo.


Auto Justiça é diferente de Justificação pela fé.

Justificação não acontece dentro de nós. Justificação pela fé não gera sentimento. Nós nunca nos sentiremos justos. Justificação não é para ser sentida.

Justificação pela fé gera FÉ!
A justificação é um processo legal que acontece no tribunal do Céu.

Por isso todas as vezes que nos aproximarmos de Deus em oração, podemos ter FÉ de que o sacrifício de Cristo pavimentou o caminho.
Fé é uma certeza que vai contra todo nosso sentimentalismo.

As vida de pecado do publicano e a vida zelosa do fariseu eram o motivo de ambos estarem distantes de Deus.
A vida desregrada do publicano o mantinha alienado de Deus da mesma forma que a vida de obediência zelosa do fariseu era o meio pelo qual sua rebeldia se estabelecia.

O publicano se rebelava contra a GEBURAH – a justiça. O fariseu se rebelava contra a HESED - a misericórdia.





·         DESPREZAVAM OS OUTROS.

A platéia de Jesus continua a mesma!
Esse é o tipo de pessoas que continuam freqüentar o culto. Pessoas de vida reta e comportamento irrepreensível, mas que desprezam os pecadores.
Desprezam os pobres ao dizerem que eles são aqueles que não prosperaram pela palavra de Deus.
Desprezam os homossexuais pregando a cura gay.
Desprezam os outros ao se sentirem mais santos, mais dedicados, mais envolvidos, mais preparados.
Desprezam os outros quando se tornam famosos no meio gospel. Antes eram pastores atuantes, com tempo para visitar doentes e amar o próximo. Agora são cantores e pregadores de agenda lotada.
São arrojados demais, tem conhecimento demais. Perdermos a simplicidade do Evangelho.



2-    OS PERSONAGENS DA PARÁBOLA

10 Dois homens subiram ao templo, para orar; um, fariseu, e o outro, publicano.

14 Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado.

FARISEU: observador dedicado. Fiel à lei de Moisés.
PUBLICANO: infrator da lei e traidor da nação.



·         DOIS SUBIRAM

v. 10 - DOIS SUBIRAM AO TEMPLO PARA ORAR, (primeiro) O FARISEU, (segundo) E O PUBLICANO.

Primeiro o Fariseu, depois o Publicano.
O Fariseu ficou de pé e orou.
O Coletor de impostos ficou de pé e orou.

·         APENAS UM DESCEU DE VOLTA PARA CASA

14 Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele;

O publicano desceu e voltou para casa. Mas a respeito do fariseu o texto diz apenas: “e não aquele”.
O fariseu ficou no templo!

Só voltou para casa aquele que se humilhou no templo.

Dentro do templo de concreto e tijolo estavam dois templos não feitos por mãos humanas.
Dentro do templo estavam dois homens. Dois templos do Espírito dentro de um templo de parede e telhado.

O templo chamado publicano, após se humilhar no templo de tijolo e concreto, voltou para casa. Voltou para sua vida.
O templo chamado fariseu ficou no templo feito de concreto e tijolo. Ele não voltou para casa. Porque sua casa espiritual não era a vida, era o prédio e tudo o que ele representava.
O MISTERIO ESCONDIDO DESSE TEXTO ESTÁ NA ATITUDE DE SUBIR E DESCER.
O Fariseu sobe e não desce. Fica no templo.
O Publicano sobe ao templo e desce para vida.

Jesus não te chamou para freqüentar o culto, mas para ser um culto ambulante. Muito melhor do que chamar pessoas para virem na sua igreja é ser a igreja para essas pessoas.


·         O IMPORTANTE DA ORAÇÃO NÃO É A QUANTIDADE MAS A QUALIDADE DO QUE VOCE EXPRESSA A DEUS.

Salmo 138.6 – “O Senhor cuida do humilde, mas se distancia do orgulhoso”.

O pré-requisito para se receber a graça de Deus não é uma oração longa e articulada.
Recebemos a graça quando reconhecemos a falta dela em nós!

A oração do fariseu é de 5 linhas.
A oração do publicano é 1 linha só.

Uma oração curta, feita de forma certa é mais eficiente que uma oração longa, produzida a partir de muito sacrifício humano.
Suas campanhas no monte e de madrugada não possuem nenhum poder especial para mudar o coração de Deus. O que vira o trono da graça em sua direção não é sacrifício humano, mas sacrifício de louvor

Pense em três formas de relacionamento que existe na sua vida:
Seu relacionamento com um colega de trabalho. Uma pessoa com quem você não se simpatiza.
Seu relacionamento com um amigo, de quem você gosta muito.
Seu relacionamento com a pessoa que você ama e para completar, você ainda está apaixonado por ela! E ela está apaixonada por você.

Quando você conversa com o colega de trabalho, o assunto só vai girar em torno de suas vidas profissionais. Voces nunca vão coversar sobre amenidades.
Quando você conversa com o amigo de quem você gosta, você fala de amenidades, pede conselho e conta segredos.
Porém quando você fala com a pessoa amada, o silêncio também fala muita coisa. Mas você também fala! Fala de necessidades, conta segredos, declara amor e elogia o tempo todo!

Esses três exemplos de relacionamentos servem para nos fazer pensar em três tipos de abordagem de nossa oração a Deus.

Existe a petição.

Uma forma parecida com seu relacionamento de trabalho com aquele colega que você não gosta. Voce trata com ele apenas do estritamente necessário.

Existe a confissão.

Uma forma de se relacionar com uma amigo, em quem confiamos e a quem revelamos nossas necessidades.

Existe a adoração.

Quanto mais profunda for a nossa relação com Deus, tanto mais pessoal ela se tornará. Adoração é isso: você ama a Deus pelo que Ele é, e se sente amado por Deus por aquilo que você é! 


3-    O LOCAL ONDE SE PASSA A PARÁBOLA – O TEMPLO

10 Dois homens subiram ao templo, para orar; um, fariseu, e o outro, publicano.

Haviam duas reuniões coletivas diárias no templo. Uma pela manhã e outra 3 horas da tarde.
O ritual da reunião iniciava com o sacrifício de 1 cordeiro para a expiação pelos pecados do povo. Em seguida vinha a queima do incenso.
Quando o incenso era queimado, significava que o cordeiro já estava morto pelos pecados dos que ali se encontravam, de forma que em meio à fumaça do incenso, essa era a hora ideal para as orações pessoais.
Pelo sacrifício o caminho estava aberto para Deus, o incenso subia abrindo caminho pelos mundos superiores e chegava diante da Face do Senhor, levando as orações dos fiéis.
Os que frequentavam o templo sabiam que, mediante esse ritual, que era repetido 2 vezes ao dia, não precisava ter dúvida. O caminho para que a oração chegasse à presença de Deus estava pavimentado.

Diante desse contexto a oração do FARISEU faz todo sentido. Ele estava purificado pelo sacrifício.

E a oração do PUBLICANO era totalmente desambientada. Afinal ele pedia perdão e se declarava incapaz, quando o ritual do culto dizia que tudo estava pronto e preparado.

Esse publicano é alguém que tem uma conexão profunda com a graça de Deus. Muito antes da cruz.

Isso nos ensina algo muito profundo acerca da nossa abordagem acerca da Igreja.

FREQUENTAR UMA IGREJA
E SE ENVOLVER NA LITURGIA DO CULTO NÃO É SUFICIENTE PARA ALCANÇAR O FAVOR DE DEUS.

O culto não é um pacote onde a nossa simples presença nele resolve tudo.

VOCE PODE ESTAR VINDO AO CULTO. MAS SERÁ QUE VOCE ESTÁ CULTUANDO A DEUS?

4-    A ORAÇÃO DO FARISEU

11 O fariseu, postou-se de pé, sozinho, orando assim: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano.

A MANEIRA COMO O FARISEU ORAVA

De pé e sozinho.
Orar de pé era costume de toda a congregação.
Mas o fato dele orar sozinho denotava as razões que ele tinha para ficar à parte:
Ele se considerava justo e desprezavam a companhia dos outros.
É esse desprezo dos fariseus pelos demais que motivou Jesus contar essa história.
9 E disse também esta parábola a uns que confiavam em si mesmos, crendo que eram justos, e desprezavam os outros:
Esse Fariseu se sentia um “excelente servo de Deus”.

Esse fariseu da parábola obedecia ao mais severo jugo do farisaísmo: o HAM HAARETZ. Quem andava sob esse jugo não podia ter nenhuma forma de contato físico com pessoas de comportamentos duvidosos, para não se contaminar.

Encostar nas roupas de pessoas que não eram severas no cumprimento da lei, significava contrair IMPUREZA MIDRAS.

Dessa forma o fariseu procura o isolamento físico, para não se contaminar.

A ORAÇÃO É FEITA EM VOZ ALTA.
NÃO PARA DEUS, MAS PARA OS QUE ESTÃO EM VOLTA ESCUTAREM.

Enquanto orava, o fariseu aproveitava a oportunidade para PREGAR para os impuros que estavam ao seu redor.
Certamente todos já passaram pela experiência de estar no culto e alguém do seu lado orando INDIRETAS.
Não se trata de oração a Deus, mas de SERMÃO direcionado aos que estão próximos.

“Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano”.

a-    Ó Deus, graças te dou

O fariseu diz graças a Deus, mas continua falando sobre si mesmo.
Em sua oração só faltou o Fariseu parabenizar a Deus pelo excelente servo que Ele tinha.

b-   porque não sou como os demais homens

Se achava privilegiado. Melhor que o próximo. Escolhido. Superior. Acima das pessoas.
O fariseu da parábola está doente e não sabe disso! Por isso ele não pede cura.
Se o fariseu soubesse que estava doente, certamente ele procuraria um médico. Quando se está doente e não se sabe disso, a pessoa simplesmente morre.
O fariseu está perdido e não consegue enxergar nenhum mal em si mesmo. Isso porque os seus olhos foram treinados pela lei e não pela graça de Deus.
Olhos treinados pela lei vêem somente o exterior. Só enxergam a vida como uma sequencia de acontecimentos no mundo físico. É a percepção da alma. A percepção da razão, da vontade e da emoção.
Olhos treinados pela graça são os olhos do espírito. Olhos que são abertos quando o espírito do homem é nascido de novo. Tem Consciencia da verdade, do certo e do errado, tem Comunhão com Deus e sabem usar a Intuição do espírito.
Esses olhos enxergam o mundo espiritual. Sua percepção da realidade é mais abrangente que só o mundo físico. Percebem os mundos superiores e se relaciona com Deus de forma sincera.


c-    Roubadores, injustos (podem ser traduzidas por velhacos e trapaceiros).

Uma ‘indireta’ direta ao publicano.

d-   Adúlteros, nem ainda como este publicano.

Aqui o fariseu exagerou!
O homem era um publicano, e publicanos tinham fama de ladrões e trapaceiros. Mas daí somar a condição de adúltero é ir longe demais. A acusação do fariseu é exagerada.
E é assim mesmo!
Quem tem coragem de acusar o outro também tem coragem de inventar calúnias.

Em função de sua intolerância religiosa, esse fariseu está quebrando uma lei gravíssima de seu código de conduta.
Ele está infringindo a Lei do “Lashon Hara”.
Lashon Hara é falar mal dos outros. É um comentário negativo verdadeiro sobre outra pessoa. Se o comentário for falso é pior ainda.
Mesmo que o publicano fosse um adúltero, o Fariseu jamais poderia falar coisas a respeito dele. Segundo seu código de conduta era pecado até mesmo contar algo negativo, mesmo que fosse verdade.
Falar mal do outro, segundo o código rabínico era um pecado equivalente a adultério e assassinato.
Cometendo esse pecado, o fariseu está se igualando ao publicano que ele acusa e nem se apercebe disso. Ao chamar o publicano de pecador e adultero, ele está cometendo Lashon Hara, um pecado tão abominável quanto aqueles dos quais ele acusa o publicano.
Todos que se prestam ao trabalho de falar mal e caluniar o irmão, tem escondido dentro de si um pecado pior do que aquele que o levou a caluniar o próximo.

Havia um rapaz que se chamava Moshé, que trabalhava meio expediente numa quitanda, somente no período da tarde.
Houve um dia em que o grande rabino da cidade passou muito apressado pela quitanda onde Moshé trabalhava e pegou uma maçã. Colocou a maçã no bolso e foi embora sem pagar.
Moshé não acreditou no que havia acontecido, mas não comentou nada com ninguém.
No outro dia, no mesmo horário, o rabino passou apressado da mesma maneira, pegou outra maçã e foi embora. E o rabino continuou fazendo a mesma coisa por alguns dias seguidos.
Moshé não agüentou mais e contou para a mulher dele: “o grande rabino de nossa cidade todos os dias passa pela quitanda e rouba uma maçã.”
A mulher de Moshé comentou só com a vizinha, e pediu segredo. A vizinha comentou só com a vizinha e em pouco tempo a cidade inteira sabia de um segredo: O grande rabino era um ladrão de maçãs.
No dia da ministração na sinagoga, o rabino chegou ao templo e não havia ninguém. O tempo passou e era só ele ali.
O rabino procurou o líder da comunidade que com muito jeitinho disse a ele que o povo não queria mais ouvi-lo porque ele era ladrão de maçãs. Ele havia perdido toda sua credibilidade diante do povo.
O rabino perguntou: “quem contou isso a vocês”.
“Foi o Moshé”.
“Tragam o Moshe ate aqui.”
Então eles trouxeram o Moshé que sustentou a historia diante do rabino.
O rabino perguntou ao Moshé: “qual é o teu horário de trabalho?”
“Eu trabalho meio expediente. Somente durante a tarde”.
Moshé, você sabia que todas as manhãs eu passo pela quitanda e deixo a maçã já paga?
De tarde, como eu estou cansado e quero chegar rápido na minha casa, eu apenas pego a maçã e vou embora.
Moshé não sabia onde enfiar a cara. Disse ao rabino: “rabino eu quero corrigir meu erro. O que eu posso fazer?”
O rabino que era um homem compreensivo disse ao Moshé: “você vai pegar um travesseiro de penas e subir em cima do telhado. Lá você vai cortar o traesseiro e espalhar todas as penas ao sabor do vento”.
Moshé fez tudo que o rabino lhe disse. E foi correndo até o rabino!
“Rabino, agora meu erro está corrigido?”
O rabino lhe disse: “ainda não! Agora você vai ajuntar todas as penas e coloca-las de volta dentro do travesseiro”.
“Mas isso é impossível” – disse o Moshé.
Dessa mesma forma também é impossível corrigir Lashon Hara.
As palavras quando saem da nossa boca e entra nos ouvidos das pessoas, elas jamais voltam para as bocas que as proferiram. Fatalmente elas vão produzir estragos irreparáveis.


TODAS AS VEZES QUE APONTAMOS AS FALHAS E FRACASSOS DO PRÓXIMO, PEGAMOS CARONA NA AFIRMAÇÃO DA NOSSA AUTO JUSTIÇA.

e-    12 Jejuo duas vezes na semana, e dou os dízimos de tudo quanto possuo.

Tem líder religioso que adora dar notícia dos jejuns que faz e das ofertas que dá.
Tudo o que o fariseu dizia acerca de si mesmo era verdade.
ELE FAZIA AS COISAS CERTAS CONFORME SEU CÓDIGO DE NORMAS E MAIS UM POUCO. ELE SUPERAVA AS EXPECTATIVAS.
ESTAVA PROGREDINDO NO SEU TRAJETO RUMO A PERFEIÇÃO.

O PROBLEMA ERA QUE A ESTRADA QUE ELE SEGUIA ERA O CAMINHO ERRADO.

“Jejuo duas vezes na semana”

A Lei de Moisés estipulava um jejum por ano, no dia da Expiação Nacional.
Esse fariseu superava expectativas e jejuava 2 vezes por semana.

“Dou os dízimos de tudo quanto possuo”.

A regra dos dízimos era clara (Dt12:17). Era sobre o vinho, o azeite e os cereais.
Como toda regra, a regra dos dízimos tinha exceção.
Por exemplo, os produtos da horta eram isentos: o aipo, a arruda e outros produtos agrícolas.
O fariseu é alguém além das expectativas. Ele dava dízimo até dos produtos da horta!

5-    A ORAÇÃO DO PUBLICANO
13 O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu
Que contraste!
A imagem do coletor de impostos na mente do fariseu contrastando com a realidade do homem humilde e quebrantado.

mas batia no peito,

A POSTURA DO HOMEM: batia no peito
Bater no peito não é uma atitude comum. O comum era curvar as mãos sobre o peito.
Homens não batiam no peito. Mulheres faziam isso.

Bater no peito é um gesto de extremo significado, usado para momentos de extrema catástrofe, como um assassinato em massa, a morte de um inocente, um desastre natural.

Era um gesto usado em momentos de intensa ira ou angústia.
Era raríssimo um homem praticar esse gesto.
Mas porque esse homem esmurra o peito¿

Existe uma explicação cultural do motivo para se bater no peito.
Um homem batendo no peito só pode significar uma coisa!

No Oriente Médio isso significa o reconhecimento de que é do coração que procedem os maus desígnios, os homicídios, o adultério, furtos, blasfêmias.

Era ao mesmo tempo uma evidência da dor espiritual e emocional juntada ao reconhecimento de se estar perdido.
Totalmente indefeso.

dizendo: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!


UMA CENA DO TEMPLO

Todos reunidos para o sacrifício no templo.
Os assistentes não eram meros expectadores, pois o sacrifício era oferecido pelo sacerdote em favor de todos.
Ele ve tudo acontecer: O Sacerdote mata o cordeiro, o parte em pedaços, e se encaminha para acender e queimar o incenso.
Quando acabavam de incensar, os sacerdotes estendiam os braços e começavam a proferir bênçãos ao povo reunido.
Nesse momento o povo se curvava até o chão, ao ouvir o nome Inefável de Yaveh..
Todos ali tinham a consciência de que Deus estava aceitando o sacrifício.
Sinos são tocados, os levitas entoam um louvor, instrumentos são tangidos.
Enquanto o louvor acontece, a fumaça oriunda da queima do holocausto invade o lugar.
O coletor de impostos fica de longe, se sentindo indigno de participar daquele momento. Seus olhos se enchem de lágrimase sozinho em seu canto, bate no peito pedindo a misericórdia de Deus.
Arrependido, sua alma anela por expiação.
Ele deseja que aquele sacrifício se aplique a ele.
Ele se quebranta diante do reconhecimento daquilo que ele é! – Um pecador!
Eu sou um canalha, eu sei disso.
Mesmo procurando perdão ele sabe o que merece de verdade... ele é um canalha!
Pediu misericórdia porque não ousava pedir outra coisa!

14 Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele;

O culto acabou.

Quem tem justiça própria volta pra casa pior do que chegou.
Quem se humilhou e se reconheceu como indigno de salvação diante de Deus, volta pra casa justificado.

‘’porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado.’’

Existe uma expressão muito forte que repetida na igreja evangélica moderna: “Deus vai me exaltar”.
O que isso significa? Será que Deus vai me colocar em uma posição melhor do que a posição daquele que me humilha?
Claro que não!
Exaltação não significa que Deus vai te colocar acima dos outros.

Se fosse isso Deus estaria criando um ciclo vicioso:
SOU HUMILDE AGORA, OS OUTROS ME HUMILHAM.
DEUS ME EXALTARÁ AMANHÃ, ENTÃO HUMILHAREI OS OUTROS.
Deus é a fonte e afinalidade de toda exaltação.
Somente Ele pode ser exaltado.

Ser exaltado significa subir as alturas e ficar perto de Deus.

O QUE OS OUVINTES ORIGINAIS ENTENDERAM IMEDIATAMENTE¿
Essa é uma parábola sobre o poder do pecado:

- O PECADO É O MESTRE DA MANIPULAÇÃO.
O pecado tem o poder de transformar até a obediência à Bíblia em motivo de auto exaltação.

- O pecado torna até mesmo o crente fiel em alguém cheio de razões, cheio de motivos.
O orgulho de ser um crente certinho te torna uma pessoa que se sente espiritualmente superior ao próximo e por isso o orgulho te libera para poder desprezá-lo.

CONCLUSÃO

Lucas 18:15-17
15 E traziam-lhe também meninos, para que ele lhes tocasse; e os discípulos, vendo isto, repreendiam-nos.
16 Mas Jesus, chamando-os para si, disse: Deixai vir a mim os meninos, e não os impeçais, porque dos tais é o reino de Deus.
17 Em verdade vos digo que, qualquer que não receber o reino de Deus como menino, não entrará nele.

CRIANÇAS.
SEMPRE CRIANÇAS!

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