quarta-feira, 30 de setembro de 2015

QUEREMOS VER A JESUS

Victor Meirelles - A Flagelação de Cristo - 1856 - óleo sobre tela.


É na alma humana que habita:
1.    Razão, também chamada de inteligência.

2.    Emoção, também chamada de sentimento.

3.    Vontade, também chamado de desejo.

Jesus possuía uma alma com inteligência humana

Jesus possuía uma personalidade tão humana que seu comportamento registrado nos Evangelhos nos apresenta um homem com fortes traços de aparente bipolaridade.

Os olhos mais atentos conseguem perceber variações de temperamento, que revelam uma falta de lógica nas suas atitudes.

Realmente seu comportamento se parecia com o comportamento de um homem, mas estava longe de ser a forma como as pessoas esperavam que Deus se comportasse.

A exemplo disso, percebemos que Jesus falou muito pouco sobre a ocupação romana, embora esse fosse o assunto mais freqüente na boca de seus compatriotas.
Contra os grandes aproveitadores Jesus falou pouco, mas pegou um chicote e expulsou os pequenos aproveitadores que viviam no templo se aproveitando do mercado da fé. Jesus se cala a respeito do grande aproveitador, que era o Império Romano, mas amaldiçoa os pequenos mercenários no templo.

Jesus insistia no cumprimento da Lei de Moisés. Mas sua vida pública, sua participação em festas e a forma como tratava o sábado fazia crescer sua fama de transgressor da lei.
Muitos estrangeiros se simpatizaram com ele, como é o caso do centurião romano. Todavia ele era muito duro com seus amigos mais chegados, a ponto de repreender a Pedro de forma muito severa: “pra trás de mim, Satanás”.

Jesus tinha uma opinião muito radical a respeito de prostitutas e publicanos ricos, todavia eram essas as pessoas que desfrutavam de sua companhia mais agradável.

Foi uma prostituta que o ungiu para sua morte e foi na casa de Zaqueu, um publicano, onde aconteceu a conversão mais linda registrada nos Evangelhos.

Notamos que um dia Jesus estava fazendo milagres e curando a todos, mas no dia seguinte parece que seu poder poderia ser bloqueado pela falta de fé das pessoas.
Em um momento ele falava detalhadamente sobre sua segunda vinda, mas em outro momento ele dizia não saber nem o dia, nem a hora.

Uma vez ele fugiu de ser preso, passando invisível no meio dos soldados. Em outra vez ele marchou de cabeça erguida rumo à prisão e à morte.
Conviver com Jesus era uma aventura impossível de se prever. Ele era a imprevisivilidade em pessoa! A personalidade de Jesus era uma surpresa o tempo todo. Nunca foi enfadonho e nunca foi previsível. O elemento surpresa era sua constância.

Então, porque a igreja “domou” esse caráter de Jesus Cristo?
Porque a igreja engessou esse Ser surpreendente em um sistema de ritos?
Porque as pessoas que seguem a Jesus devem ser todas iguais?
Porque nosso comportamento deve ser sempre o mesmo que o comportamento do outro?

A igreja perdeu o elemento surpresa. Perdeu a delicia da aventura de ser um cristão!
Refletindo sobre isso, concluo algo terrível!
A igreja está tentando aparar as unhas do Leão da Tribo de Judá. Estão transformando o Leão em um bichinho de estimação, domesticado.
A instituição está tramando domar a Deus, reduzindo-o a uma espécie de gênio da lâmpada. Um mero realizador de desejos.

JESUS FOI CRIANÇA!

Ele passou pelo processo de aprendizado assim como toda a criança.
Aprendeu a andar, a ler e a obedecer aos pais.

Hebreus 5:8 – “Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu”.

Jesus possuía uma mente totalmente humana e fazia opções de não usar os benefícios de ser a encarnação do Deus vivo.

Ele tinha acesso a toda informação acerca de absolutamente tudo, todavia sua alma fazia opção por saber apenas aquilo que estava ligado exclusivamente à sua missão na terra.
Nunca ousou saber aquilo que, embora estivesse a sua disposição, não era hora de se saber.

Marcos 13:32 - "Quanto ao dia e à hora ninguém sabe, nem os anjos no céu, nem o Filho, senão somente o Pai”.

Provavelmente essa é a maior de todas as tentações sofridas pelo Senhor: o poder absoluto estava o tempo todo a disposição Dele, todavia o tempo todo ele fazia opção por não usar esse poder.

Jesus Homem foi o único espírito humano que realizou em sua vida a totalidade daquilo que havia combinado com Pai na eternidade.
Nunca usou sua divindade para trilhar atalhos em relação ao plano pré estabelecido. Sua razão humana sempre fazia opção pelo plano combinado com o Pai.
Filipenses 2:6 – “embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se”.

Jesus morreu como morrem todos os seres humanos

Lucas 23:46 – “E, clamando Jesus com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isto, expirou”.

Quando chegou em sua hora final o corpo humano de Jesus parou de funcionar, assim como acontece com todo ser humano quando morre.

A hora da morte nos nivela todos: pobres e ricos morrem, nobres e plebeus morrem. Na hora da morte somos exatamente todos iguas, não importando se morremos num colchão de pena de ganso ou num banco de praça.

Jesus ressuscitou com um corpo humano


39 Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede, pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho.

40 E, dizendo isto, mostrou-lhes as mãos e os pés.

41 E, não o crendo eles ainda por causa da alegria, e estando maravilhados, disse-lhes: Tendes aqui alguma coisa que comer?

42 Então eles apresentaram-lhe parte de um peixe assado, e um favo de mel;

43 O que ele tomou, e comeu diante deles.

O corpo ressuscitado é um corpo humano, todavia é um corpo aperfeiçoado, não mais sujeito a doenças, fraquezas ou morte.
Ele come e bebe na frente dos seus discípulos para provar que não se tratava de um fantasma.
Esse é o corpo que cada filho de Deus vai receber no dia da ressurreição dos mortos.

Jesus é ascendido aos céus com um corpo humano

João 16:28 – “Saí do Pai, e vim ao mundo; outra vez deixo o mundo, e vou para o Pai”.

Jesus é aquele que disse: eu vou subir, e subiu.
É nesse Deus que eu acredito! O Deus que diz que faz e ninguém consegue impedi-lo.

9 E, quando dizia isto, vendo-o eles, foi elevado às alturas, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos.

10 E, estando com os olhos fitos no céu, enquanto ele subia, eis que junto deles se puseram dois homens vestidos de branco.

11 Os quais lhes disseram: Homens galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir.

Existe um planejamento minucioso em todas as ações de Jesus. Todas as ações foram detalhadamente planejadas para a realização de um plano muito maior. Sua ascensão mostra a continuidade do corpo físico no céu.
O corpo físico é da terra, formado dos quatro elementos da natureza: fogo, terra, água e ar. A frase da oração do Pai Nosso: “assim na terra como no céu”, funcionou aqui também! O corpo formado na terra é o corpo que vai subir ao céu. “assim na terra como no céu”.
Sua ressurreição foi em carne e ossos. Sua ascensão foi em carne e ossos. Existe um homem de carne e ossos no céu. Essa é a nossa garantia de que um dia também nós, com os corpos aperfeiçoados seguiremos em direção ao local onde Cristo está.
“para que onde eu estiver, estejais vós também”.


No céu Jesus desempenha a função de Sumo Sacerdote


23 E, na verdade, aqueles foram feitos sacerdotes em grande número, porque pela morte foram impedidos de permanecer,

24 Mas este, porque permanece eternamente, tem um sacerdócio perpétuo.

25 Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles.

Deus ordenou a Moisés que ungisse a Arão como Sumo Sacerdote. O povo considerou a atitude de Moisés como nepotismo, afinal, Moisés e Arão eram irmãos.

Em obediência à voz de Deus Moisés tomou doze varas, cada uma representando os príncipes de cada uma das 12 tribos: Ruben, Simeão, Levi, Judá, Dan, NAftali, Gade, Aser, Issacar, Zebulom, José e Benjamim.

De posse das varas, Moisés as colocou dentro da tenda da congregação. Segundo Números 17, o dono da vara que florescesse seria apresentado como Sumo Sacerdote do povo israelita.

Passado um dia Moisés mostrou que a vara de Arão havia sido a única vara que floresceu.
A vara de Arão que floresceu foi colocada dentro da Arca da Aliança juntamente com as Tábuas da Lei e uma porção do Maná que caiu do céu.

Arão recebeu um cajado que simbolizava a vara. Nesse cajado seu nome foi gravado a ouro na base: Aron. Desde então, todos os sumos-sacerdotes teriam os seus nomes gravados a ouro no cajado  e esse mesmo cajado atravessou gerações.

Nos tempos de Jesus, Caifás, genro de Anás era o Sumo Sacerdote. Caifás era famoso em seu tempo por ser um grande teólogo, um homem muito sábio em matéria da lei de Moisés. Todavia, na hora do julgamento de Jesus, Caifás cometeu um erro crasso. Imperdoável.
Na tentativa de fazer Jesus blasfemar se auto afirmando como Filho do Deus Altíssimo, Caifás ouviu Jesus dizer:  "em breve o Filho do Homem assentado à direita do Poder, e vindo sobre as nuvens do céu" (Mateus 26:64). Nesse momento Caifás rasgou as suas vestes acusando Jesus de blasfémia.

O teatro de Caifás objetivava passar a idéia de que ele era um homem chocado e ofendido, mas o que Caifás esqueceu o levou a ruína.

“O sumo sacerdote entre seus irmãos, sobre cuja cabeça foi derramado o óleo da unção, e que for consagrado para vestir as vestes sagradas, não desgrenhará os cabelos, nem rasgará as suas vestes” (Lv 21:10).

Ao rasgar suas vestes sacerdotais, Caifás punha fim ao seu sacerdócio. E mais, Caifás fez isso diante do Cordeiro. O Sacerdote perde o sacerdócio diante do sacrifício.
Tudo isso aconteceu no momento perfeito, pois o antigo cajado de Arão já não tinha mais espaço para nenhum outro nome.

Caifas não sabia, mas era Deus quem conduzia a história. Ele colocou fim na linhagem do sacerdócio de Arão, dando início ao Novo Sacerdócio - o Sacerdócio da Nova Aliança, onde Jesus assumia o papel de sacerdote eterno segundo a ordem de Melquisedeque.
O que Jesus carregou não foi um cajado, mas um madeiro grande e pesado.

Na cruz Jesus foi pregado, e a vara novamente floresceu! Havia uma coroa de espinhos sobre a cabeça da Rosa de Saron. Depois da crucificação, a rosa foi depositada em uma tumba, lugar fechado e escondido como o interior da Arca da Aliança.

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M. e. César de Aguiar

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