sexta-feira, 21 de outubro de 2016

SENHORES E SERVOS

Eclesiastes 7:1 – “O bom nome é melhor do que um perfume finíssimo, e o dia da morte é melhor do que o dia do nascimento.”

Vamos viajar à Rússia dos czares. Nesta viagem vamos conhecer a história de um rico patrão e seu ultimo dia de vida ao lado de seu empregado.

A conclusão da compra de um terreno é o motivo da curta viagem de trenó de um rico negociante de terras. As relações entre Patrão e Empregado são muito claras: Exploração e submissão! O patrão manda, o empregado obedece. O patrão é senhor, o empregado é servo. O patrão tem alto nível de vida social, o servo se limita à simplicidade do que seu pequeno ordenado é suficiente para oferecer.

Na noite fria eles seguem viagem contrariando todos os avisos de perigo. E no meio da viagem eles se deparam com a força intransponível da natureza feroz. Envoltos pela imensidão da repetitiva paisagem branca e em meio à uma tempestade de neve e vento forte, o Senhor e o Servo se perdem do rumo da estrada.

Ao se perderem eles estão sozinhos, desorientados, tendo por companhia apenas um ao outro.
A interminável noite fria traz a agonia da hora final. Ambos se vêm diante do inevitável momento da morte. 

Lentamente o horror da escuridão, de forma inexplicável aquieta o coração e prepara o espírito de ambos para a hora final.

As relações entre os dois homens se alteram à medida em que o frio penetra seus corpos ao longo da noite fria que mudará para sempre o sentido de suas vidas.

Esse é o enredo do conto de Leon Tolstoi intitulado Senhores e Servos.

A morte nivela todos! A morte nos iguala.
E diante da morte inevitável, Senhor e Servo busca seus pensamentos últimos: histórias da infância, a festa com os amigos de verdade, a mulher amada, o animal de estimação, a briga com o pai, o perdão que não se pediu, o amor que não se declarou.

Eles descobrem que o significado da vida se resume às coisas que lembramos. A vida se resume a memórias. Boas memórias e (infelizmente) as más memórias também.

No fim da vida, o pensamento menos importante é o dinheiro, o orgulho, a ganância. O Eu.

Diante do fim, sempre surge a vontade de ser um pouco mais generoso, um pouco mais irmão! Fiel. Grato. Amigo.

A conclusão final é: UMA PENA! Foi uma pena não ter vivido mais!

A morte é inevitável e a dádiva da vida é a única oportunidade que temos para construir um legado.

Foi uma pena não ter feito o que eu deveria ter feito com a minha vida enquanto a vida (ainda) era minha!

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M.e. César de Aguiar

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