“Sempre é bom termos consciência de que dentro de nós há alguém que tudo
sabe” (Hermann Hesse). Esse alguém é você mesmo, que em
função do pecado, foi adormecido no sono da morte espiritual e por isso se
esqueceu daquilo que foi combinado com o Criador antes da fundação do universo.
O Ser interior é o seu verdadeiro Eu – o seu espírito, gerado em Deus antes que
o Universo fosse criado.
Quem busca a evolução espiritual deve
diariamente praticar o exercício da autoanálise. Nas palavras do Apóstolo
Paulo: “Examine-se, pois, o homem a si mesmo” (1Co 11.28). Nas palavras de
Sócrates: “Conhece-te
a ti mesmo”.
Esse exercício é sempre a melhor
metodologia para ascender ao próximo degrau da elevação do Ser. Existe uma
quase unanimidade em afirmar que o melhor horário para esse exercício é sempre
antes de se recolher ao sono. Na oração noturna sempre devemos prestar conta
daquela fração de vida compreendida entre o momento que saímos da cama e aquele
quando nos retornamos a ela.
A autoanálise tem uma função vital no
processo de evolução espiritual. É sempre o melhor método para se aparar as
arestas da pedra bruta. Na medida em que praticamos esse exercício, descobrimos
que sempre existe alguma ponta ou saliência indesejada que precisa ser removida
pelo cinzel e pela marreta da lei, da moral, da razão e do alinhamento
vocacional.
Se o exercício físico produz dor nos
músculos da carne, correspondentemente, o exercício espiritual produz dor no
tecido da alma. Amiúde, na rotina de se exercitar, você vai se deparar com uma
dor indecifrável proveniente dos rincões mais profundos do seu Ser. Não perca
tempo! Pergunte à sua alma: ‘o que está acontecendo?’
Naturalmente sua mente racional vai tentar
te proteger alegando suas razões. A auto piedade e a auto justificação
aparecerão no tribunal para testemunharem a seu favor. Será aberta a sessão do
tribunal da consciência onde a sua racionalidade vai advogar em favor do seu
conforto existencial, o que na maioria das vezes significa permanecer jogando
para debaixo do tapete das emoções os entulhos mais esquisitos. Sua razão vai
articular afirmando à sua consciência que você não fez nada de errado. Vai
tentar te convencer de que quando você deu aquela má resposta, ou cometeu
aquela infração, você estava com a razão e que era aquilo mesmo que você
deveria ter dito ou praticado.
Todo mundo já viveu algo assim! Suponha
que a sua racionalização te convença de que, o que você fez, foi a coisa certa,
e mesmo estando com a ‘razão’ do seu lado, você ainda não está conseguindo
dormir em paz. Seu coração continua apertado e a dor proveniente do âmago do
Ser ainda persiste.
Não abandone o exercício! Saiba que você
está queimando ‘gorduras da alma’, e que ela em função dessa atividade, ficará
mais forte e mais saudável. Repita a pergunta, mas dessa vez, em penitente
atitude de oração, direcione o questionamento ao mais profundo do seu coração.
Aprenda que Oração é falar com o Deus
Vivo. Entenda que o Deus Vivo não habita templo feito por mãos do homem (At
17.24).
Oração é falar com o Deus Vivo que mora
dentro de você. Enquanto você fala com Deus, seu espírito também escuta a
oração e a resposta sincera sempre vem! Existem respostas que vem de Deus, mas
a maioria das respostas são conclusões que você já sabe, precisando apenas de
se lembrar delas.
O Deus Vivo, nas habitações da sua casa
espiritual te faz lembrar daquilo que está oculto e que ainda não sabes. Não
sabe, porque ‘não se lembra’.
“Eis que amas a verdade no íntimo, e no oculto me fazes conhecer a
sabedoria” (Sl 51:6). Davi viveu exatamente essa experiência
quando orou a Deus pela restauração da sua identidade espiritual. O homem
segundo o coração de Deus experimentou o flash de luz, no interior do seu Ser,
o que lhe trouxe sabedoria e redenção.
O seu coração nunca vai te enganar. Seu
espírito tomará sua consciência pelas mãos e te levará exatamente ao lugar onde
você desafinou a sinfonia da vida, ao lugar onde você quebrou os protocolos da
existência. Nesse processo você vai perceber que por detrás dos nossos erros
sempre está a sombra negra do egoísmo.
A partir desse momento você vai parar de
olhar somente para suas próprias razões. Vai notar que o mundo não gravita à
sua volta e que o outro também tinha as razões dele, ou que talvez o outro,
assim como você, também não se encontrava em seu melhor dia e por isso também
não foi a melhor pessoa, e que também, como você, precisa de redenção.
O seu coração vai revelar o seu pecado e
vai ordenar a sua penitência. Um pedido de perdão seguido de reparação é sempre
a melhor solução para recolocar o trem da vida nos seus devidos trilhos.
Você vai perceber que por não mais haver
um leito para a dor, ela simplesmente vai embora, sem se despedir e levando
consigo o espinho que outrora estava fincado no seu coração. Ela sai de você,
sem que você perceba o momento exato em que ela saiu. Em pouco tempo você
simplesmente constata: ‘Cadê a dor que estava aqui?’ Nessa constatação está a
silenciosa fala da vida te dando uma nova chance: ‘eu confio em você’.
Cesar de Aguiar
teolovida@gmail.com
retirado do livro CRIAÇÃO DESVENDADA
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