segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

A PARÁBOLA DA RAPOSA E OS PÁSSAROS, O FUNERAL E O ARADO - parte 2

O SEGUNDO DIÁLOGO - A PARÁBOLA DO FUNERAL


Lucas 9: 59-60

59 E disse a outro: Segue-me. Mas ele respondeu: Senhor, deixa que primeiro eu vá a enterrar meu pai.
60 Mas Jesus lhe observou: Deixa aos mortos o enterrar os seus mortos; porém tu, vai e anuncia o reino de Deus.



O erro dos Fariseus estava nos acréscimos! Acrescentavam um punhado de leis humanas na Lei de Moisés e as repassavam para as gerações subsequentes. A isso eles chamavam de Tradição dos Anciãos.
O erro dos Saduceus estavam no outro extremo – subtraíam blocos inteiros das Escrituras. Negavam a existência dos anjos, dos espíritos, da vida após a morte, da ressurreição.
Já os Escribas eram a elite! Eram eles que escreviam aquilo que os fariseus seguiam.
Era por esses grupos que a autoridade de Jesus era desafiada. E não demorou muito tempo para esse pessoal tramasse a morte de Jesus.

As denominações evangélicas da atualidade não atuam de forma diferente: algumas aumentam o que Jesus ensinou. Outras subtraem e ficam somente com aquilo que lhes interessam. E essas não permitem que Cristo seja o Senhor ressuscitado. Absorvem a herança dos Fariseus e Saduceus e mantêm Cristo morto.
A igreja evangélica no Brasil é a que mais cresce no mundo. Mas é também a que menos influencia. 

Esse segundo diálogo a beira do caminho nos apresenta um personagem que recebe uma ordem direta de Jesus para que inicie sua trajetória de discípulo. A desculpa apresentada é comovente: ele quer fazer o funeral do pai. 
Um olhar crítico para os costumes da sociedade judaica nos apresenta uma realidade cultural que nos faz entender claramente o que Jesus solicita desse jovem. Em um primeiro momento nos aborrecemos com a exigência do Mestre, que ao entendimento mal esclarecido soa como uma afronta ao sentimento de perda familiar mais doloroso: quando o querido chefe familiar está com seu corpo sendo velado.
Mas, um rápido raciocínio nos leva a perceber um fato: se o pai desse jovem estava morto exatamente naquele momento, o que ele estava fazendo à beira da estrada? O certo não seria ele estar no velório de seu pai?

A frase: ‘ENTERRAR O PAI’, é uma expressão cultural da época e significa os deveres do filho de ficar em casa e cuidar dos pais até que eles descansem em paz. 
É de certa forma uma obediência a uma interpretação da lei: “honra pai e mãe”. 
Os escribas interpretaram esse texto e fizeram um adendo à lei, estabelecendo que o filho tem o dever de ficar em casa até a morte dos pais. Então, só então ele pode pensar em outras opções.
Jesus reconhecia que era desonroso aos pais ficarem sem filhos para os enterrarem. Por isso, no momento de sua crucificação, Cristo designa João, o discípulo amado para cuidar de Maria, sua mãe. 

Existe uma confusão na mente do segundo personagem, afinal, seguir Jesus pode significar quebrar a tradição cultural. E da forma como ele conhece a religião, significa quebrar um mandamento da lei de Moisés.

Ele está dizendo a Jesus: ‘- A minha comunidade faz certas exigências, e a força dessas exigências é muito grande. O que o Senhor está querendo é que eu fruste as expectativas da minha comunidade?’

É EXATAMENTE ISSO QUE JESUS REQUER!

O segundo personagem está adiando o compromisso de seguir Jesus para um futuro distante, para quando seu pai ficar velho e morrer. 
Mal sabia ele que em muito pouco tempo, o próprio Jesus estaria sendo morto na cruz.

“Deixa aos mortos o enterrar os seus mortos; porém tu, vai e anuncia o reino de Deus.”
Existem mortos espirituais na comunidade local. Deixe que eles cuidem dos assuntos dessa vida e dos interesses desse mundo. Ao discípulo está ordenado a anunciação do reino de Deus.

A PROCLAMAÇÃO DO REINO DE DEUS  SÓ PODE TER SIGNIFICADO QUANDO APRESENTA O REINO COMO UMA REALIDADE URGENTE.
Exige abnegação. Renúncia.

O QUE APRENDEMOS COM ESSA PARÁBOLA?

Lealdade a Jesus e ao reino de Deus é mais importante do que lealdade às normas culturais da sociedade.
Jesus não aceita nenhuma autoridade superior à sua.
Exigências sociais, culturais e religiosas não são desculpas aceitáveis para o fracasso do discipulado.
O ‘segue-me’ de Jesus é definido pela ordem: ‘Participa do reino de Deus e proclame sua mensagem’.


César de Aguiar
teolovida@gmail.com

Um comentário:

  1. Muito instrutivo seu comentário.Que DEUS o abençoe, continue sendo instrumento nas mãos de DEUS.

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